Não é de hoje que as chamadas múmias de Nazca causam polêmica no meio ufológico, seja no que diz respeito à veracidade ou à possível farsa.
Com o passar dos anos, essas múmias geraram muitos debates, com alguns defendendo e outros negando a legitimidade delas.
Aqui no blog, você pode encontrar várias matérias abordando as múmias de Nazca. Nesta matéria (LINK), mostro a origem das múmias, como surgiu a história e também analiso seus prós e contras.
Este ano, tivemos muitas notícias envolvendo as múmias, muitas delas baseadas em suas possíveis veracidades. Fortemente defendidas por seu principal proponente, o jornalista e ufólogo Jaime Maussan.
Mas os argumentos a favor das Múmias de Nazca não começaram agora.
No ano de 2018, cientistas russos examinaram uma das múmias e chegaram a uma pré-conclusão de que realmente existia uma grande chance de que as múmias fossem alienígenas.
Uma delas, que foi batizada de Maria, foi identificada como humanóide depois de algumas pesquisas genéticas feitas nela. Isso porque chegaram à conclusão que ela tem 23 cromossomos, como o ser humano. Porém, o cientista russo Konstantin Korotkov, que a examinou, declarou que isso não impedia que a múmia fosse alienígena.
Ainda no ano de 2018, um pesquisador britânico que também analisou Maria, a mesma que os cientistas russos examinaram, chegou à conclusão de que se tratava de uma nova espécie humana.
O cientista e documentarista Steve Mera acreditou ter encontrado uma nova espécie de ser humano depois de fazer uma série de testes científicos e estudos na múmia.
Usando análise de DNA e de carbono 14, o pesquisador descobriu que esse corpo mumificado pode ter 1,8 mil anos de idade. Além disso, os resultados sugeriram que a múmia seria 98,5% “primata” e 1,5% “desconhecida”, porém com uma estrutura genética similar à de um ser humano.
Em setembro de 2023, tomografias computadorizadas realizadas por técnicos e cientistas na Clínica Nur, em Huixquilucan, México, revelaram que uma das múmias, apelidada de “Clara”, já foi um organismo vivo de origem biológica e estava carregando uma gravidez.
As análises concluíram que “o organismo já existiu, permanecendo intacto, biológico e grávido”, afirmou o Dr. José de Jesús Salce Benitez, amigo pessoal de Maussan e que já esteve envolvido com ele em outros casos.
Já em janeiro deste ano, Jaime Maussan divulgou em sua conta no Twitter (atual X) o resultado de dois exames. Um teste de carbono 14 feito pelo Instituto de Física da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), que autenticaria as Múmias de Nazca como sendo realmente antigas e tendo a idade defendida por ele, de entre 700 a 1800 anos. E um teste de DNA feito pela United States National Library of Medicine (NLM), que provaria uma quantidade anômala de DNA nos espécimes.
Além disso, ele também apresentou uma resolução assinada por 11 cientistas da Universidade Nacional Saint Aloysius Gonzaga (UNSLG ICA), do Peru, autenticando que, baseada nas análises que eles fizeram, não havia montagem nem manipulação nos espécimes.
No dia 4 de abril deste ano, ocorreu no Peru um evento onde se foi apresentado mais uma vez, argumentos e evidências para as anomalias das Múmias de Nazca.
Os médicos que estavam no evento têm credenciais prestigiadas para mostrar. Eles foram o Dr. James Caruso, Médico Legista Chefe e Coroner da cidade e condado de Denver, Colorado. O Dr. William Rodriguez, Antropólogo Forense, Médico Legista do Estado de Maryland. E o Dr. John McDowell, Professor aposentado da Universidade do Colorado, Odontologista Forense.
O Dr. McDowell, o mais renomado do grupo, falou em nome de seus colegas.
O ex-presidente da Academia Americana de Ciências Forenses disse que “as Múmias de Nazca são reais” e em uma carta aberta às autoridades do Peru, o Dr. McDowell solicitou a atenção da necessidade de uma avaliação científica dos espécimes.
Estudo revisado por pares em 2024 dá mais luz à autenticidade das Múmias de Nazca
Novamente, um estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Nacional Saint Aloysius Gonzaga (UNSLG ICA), do Peru, porém, revisado por pares.
A pesquisa analisou alguns dos espécimes humanoides tridáctilos (de três dedos) encontrados em Nazca e, após uma rigorosa análise biométrica e morfoanatômica, confirmou a antiguidade e autenticidade de alguns dos espécimes.
As conclusões do estudo, se corroboradas por novas investigações científicas, podem encerrar anos de debates e controvérsias, num episódio que já se tornou caso de polícia e um processo milionário. Além disso, inaugurarão uma nova fase na tentativa de compreensão das misteriosas figuras de três dedos que foram contemporâneas dos povos pré-hispânicos do Peru.
As análises mais detalhadas referem-se especialmente a um dos exemplares, a denominada “múmia María”. A investigação publicada em maio deste ano na “Revista de Gestão Social e Ambiental” foi conduzida por uma equipe multidisciplinar de cientistas, liderada pelo professor de odontologia e doutor em saúde pública Edgar Martín Hernández Huaripaucar. Junto com ele, os colegas Roger Zúñiga-Avilés, Bladimir Becerra-Canales, Carlos Suarez-Canlla, Daniel Mendoza-Vizarreta e Irvin Zúñiga-Almora também assinaram o artigo intitulado “Caracterização biométrica morfoanatômica e datação da antiguidade de um espécime humanoide tridáctilo: a respeito do caso de Nazca-Peru”.

O artigo detalha os resultados das análises radiológica e tomográfica, além da datação por carbono-14 realizada no espécime. O corpo, dessecado e bem preservado, revelou características biológicas semelhantes às humanas, mas com notáveis diferenças anatômicas.
Utilizando softwares especializados, os pesquisadores realizaram exames tomográficos que revelaram a ausência de cabelo e orelhas, um crânio alongado com volume 30% maior que o humano, protrusão dos maxilares e globos oculares, ausência da quinta vértebra lombar e tridactilia (três dedos) em ambas as mãos e pés.
Ademais, o espécime apresentava diferentes focos de artropatias, indicando condições artríticas. Eles descartaram montagens a partir de ossos de outros humanos ou animais.A datação por carbono-14 situou a antiguidade do espécime entre 240 e 383 d.C., com uma precisão de 1771 ± 30 anos, corroborando a hipótese de que o corpo é realmente antigo e não uma falsificação moderna. Os resultados sugerem que, se futuros estudos confirmarem que se trata de uma nova espécie humanoide, o impacto na biologia e na ciência será imenso, com implicações significativas para a compreensão da história e da diversidade biológica na Terra.
A descoberta pode reescrever partes da história humana e oferecer novas perspectivas sobre a evolução e as interações das espécies humanas com o ambiente.
Além disso, as novas constatações podem, eventualmente, apontar para a confirmação de hipóteses mais exóticas, como a convivência dos povos pré-hispânicos com espécimes de origem não humana na antiguidade.
Este estudo marca um ponto de virada na pesquisa sobre as múmias de Nazca. Ao fornecer evidências científicas sólidas sobre sua antiguidade e características morfoanatômicas, os pesquisadores pavimentam o caminho para novas investigações e debates sobre a existência de outras formas de vida inteligentes que possam ter coexistido com os seres humanos no passado.
Análises de outros espécimes corrobora ainda mais com autenticidade

Em paralelo ao estudo anatômico das múmias tridáctilas (especificamente a María), foi realizado um exame minucioso dos materiais metálicos, comumente referidos como “implantes”, encontrados nos corpos dos espécimes menores de 60 cm.
O relatório técnico “Metales y minerales desconocidos en momias prehispánicas de la región de Ica” (Metais e minerais desconhecidos em múmias pré-hispânicas da região de Ica), elaborado por uma equipe multidisciplinar, lança nova luz sobre a composição e origem desses metais, apresentando uma análise científica rigorosa que complementa as descobertas iniciais sobre as múmias.
O estudo foi concluído no ano passado por pesquisadores da Facultad de Ingeniería Geológica, Minera y Metalúrgica (Faculdade de Engenharia Geológica, de Minas e Metalúrgica), em Lima, assinado pelos engenheiros Rosales Huamani, Landauro Abanto, Valverde Espinoza e a Dra. Sabine Cremer, entre outros, mas foi publicado apenas em fevereiro desse ano no repositório ResearchGate pelo pesquisador Joakim Jensen, do departamento de geografia e geologia da Universidade de Copenhagen, cujo nome não é creditado no relatório.
A pesquisa envolveu análises químicas e mineralógicas. Foram investigados os materiais encontrados nos implantes, que apresentaram uma composição surpreendente e até então desconhecida para a época em que as múmias foram datadas. A presença de metais raros e a combinação de elementos indicam um conhecimento avançado de metalurgia por parte dos responsáveis pela sua confecção, embora pré-hispânicas.
Os resultados mostraram que os implantes contêm ligas de cobre e prata, além de elementos como cobalto e níquel, que não são comuns em artefatos pré-hispânicos conhecidos. A análise espectroscópica revelou a presença de minerais raros e a utilização de técnicas sofisticadas de fundição e metalurgia, que desafiam as percepções atuais sobre as capacidades tecnológicas das civilizações antigas da região.
Segundo o relatório, “a composição dos metais sugere um grau de conhecimento técnico que não foi documentado em outras culturas contemporâneas. A combinação de cobre com pequenas quantidades de cobalto e níquel indica um propósito específico para os implantes, possivelmente relacionado a propriedades antimicrobianas ou rituais”.
Técnicas avançadas dos implantes fornecem mais evidências de veracidade
Além da composição química, a análise estrutural dos implantes revelou técnicas avançadas de manufatura. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e análise de difração de raios X (DRX) indicaram processos de fusão controlada e tratamento térmico.
“As evidências sugerem que os artesãos da época possuíam conhecimento detalhado sobre as propriedades dos metais e sabiam como manipulá-los para obter os resultados desejados”, afirma o estudo.
Um dos implantes, encontrado em uma das múmias menores, continha uma liga metálica complexa com vestígios de platina. Este achado é particularmente intrigante, pois a platina é um metal de difícil manipulação, requerendo temperaturas extremamente altas para fusão, o que levanta questões sobre a tecnologia disponível para essas culturas antigas.
Aqui, no entanto, há uma ressalva para a qual o relatório não dá maior destaque. Os implantes só estão presentes nos exemplares menores e, embora o documento se dedique meramente a descrever suas características, não sendo a anatomia uma especialidade dos autores, análises anatômicas alternativas anteriores amplamente divulgadas na Internet ainda contestam a origem natural de alguns destes pequenos “espécimes”, apontando a possibilidade de falsificações.
Apenas análises futuras de cientistas especializados poderão resolver o dilema.
Mesmo assim, os implantes metálicos também foram contextualizados dentro das práticas culturais e rituais da época. Os pesquisadores sugerem que esses objetos podem ter tido significados simbólicos ou terapêuticos, associados a práticas médicas ou espirituais.
“A presença de metais raros e a complexidade dos implantes podem indicar uma função ritualística, possivelmente como talismãs ou objetos de poder”, sugere o relatório.
Ademais, a localização dos implantes nos corpos das múmias sugere uma aplicação intencional e precisa, com alguns situados em áreas específicas como o tórax e os braços, possivelmente relacionados a práticas de cura ou proteção.
De qualquer maneira, os indícios e evidências disponíveis nas análises já realizadas demonstram uma forte inclinação ao fato de estarmos diante de legítimos exemplares não humanos, que, alienígenas ou não, poderiam ter coexistido conosco no passado.