Pela primeira vez na história da ufologia, um caso de OVNI passou por um rigoroso processo de revisão por pares e foi aceito pela prestigiada revista Progress in Aerospace Sciences. A notícia foi recentemente divulgada ao público pelo renomado cientista e ufólogo Dr. Jacques Vallée durante a sua participação no programa The Good Trouble Show.
Embora o artigo tenha sido publicado em junho deste ano, a notícia recebeu pouca atenção tanto na comunidade académica como na ufológica, apesar da sua grande importância. O estudo traz de volta à luz um episódio que permaneceu enterrado por quase 50 anos: uma observação registada em 1966 e originalmente analisada no controverso Relatório Condon — um documento que, durante décadas, foi usado como base para «desmascarar» os OVNIs.
Agora, revisitado por Vallée em colaboração com Luc Dini e Geoffrey Mestchersky, o caso ganha nova relevância e desafia interpretações de longa data, abrindo as portas para uma investigação científica séria de fenómenos aéreos não identificados em revistas de grande impacto.
Haynesville, Louisiana — 30 de dezembro de 1966
Na noite de 30 de dezembro de 1966, o professor de física atómica Louie A. Galloway, 31, viajava com a sua esposa, Sra. Galloway, 28, e os seus dois filhos, de cinco e sete anos, pela Autoestrada 79 dos EUA, rumo ao norte, através de uma área arborizada perto de Haynesville, Louisiana.
O céu estava muito nublado, com neblina e chuva fraca, e o teto de nuvens estava a cerca de 300 pés. Não foi observada nenhuma atividade de raios.
Enquanto dirigiam, a esposa de Galloway chamou a atenção dele para um brilho laranja-avermelhado que aparecia através e acima das árvores à frente e à esquerda. Ambos observaram a luz, que parecia ter origem abaixo das copas das árvores, visível como uma hemisfério luminoso através da neblina e da chuva. Ela pulsava regularmente, mudando de vermelho opaco para laranja brilhante com um período de cerca de dois segundos.
Quando chegaram ao ponto da rodovia aparentemente mais próximo da fonte, a luz de repente ficou branca e brilhante. O clarão ofuscou os faróis do carro, iluminou a paisagem e projetou sombras das árvores, forçando o motorista a proteger os olhos e acordando as crianças.
Após cerca de quatro segundos, a luz diminuiu e voltou ao seu estado anterior de pulsação vermelho-alaranjada. O professor então parou o carro, verificou a direção da fonte (que estava atrás deles) e continuou a conduzir. Nenhum som ou outro efeito foi observado, apenas a luz.
Mais tarde, Galloway estimou a distância até a fonte e comparou o brilho com os faróis do carro. A partir disso, ele calculou uma potência luminosa extremamente alta, inicialmente próxima a 800 megawatts.
O professor Louie A. Galloway relatou o caso à Base Aérea de Barksdale, e o episódio chegou ao Projeto da Universidade do Colorado e ao Projeto Livro Azul da Força Aérea dos Estados Unidos. Dez semanas depois, uma inspeção na área não revelou nenhuma explicação para a luz.
Significativamente, o incidente estava entre os casos que permaneceram classificados como «Não Identificados» no relatório final do Dr. Edward Condon à Academia Nacional de Ciências em 1969.
O caso foi registrado no NICAP e, no Relatório Condon, aparece como Caso 10.

Continuação – Investigações e evidências físicas
O Estudo Condon dedicou quase quatro páginas a uma análise detalhada do caso Haynesville, incluindo referências a fotografias infravermelhas e dados meteorológicos completos. Apesar desses esforços, a equipa original não conseguiu identificar imediatamente a localização exata da ocorrência. No entanto, com a ajuda da testemunha principal, foram compilados registos abrangentes da área.
Em 28 de fevereiro de 1967, o major Donald R. Ryan, um oficial de investigação da Força Aérea dos Estados Unidos, relatou as suas descobertas à Divisão de Tecnologia Estrangeira em Wright-Patterson, destacando a importância do incidente.

Análises de acompanhamento após o Relatório Condon
O Estudo do Colorado, publicado em 1968, não forneceu informações adicionais sobre o caso. No entanto, investigações subsequentes revelaram novos detalhes. Foi somente quando o professor Louie A. Galloway, acompanhado pelo seu colega, o professor John Williams, voltou ao local para uma pesquisa mais aprofundada que a clareira foi localizada. Lá, as árvores expostas puderam ser cuidadosamente inspecionadas.
A testemunha principal também produziu um mapa mais detalhado da área, mostrando o traçado de uma ferrovia abandonada, bem como a localização do primeiro e do último pontos de observação da luz.

Condições físicas no local
A localização exata do fenómeno era uma clareira com aproximadamente nove metros de diâmetro, marcada por um escurecimento da casca das árvores em direção ao centro. O exame indicou que o efeito resultou da exposição intensa à luz do objeto, e não de uma fonte de calor convencional.
Curiosamente, nem o relatório original nem o Estudo do Colorado especificaram quais espécies de árvores foram afetadas pela radiação. Sabe-se apenas que a área é coberta pela vegetação típica da Louisiana.

Estimativas energéticas e impactos associados
Os cálculos energéticos iniciais realizados na altura do Estudo Condon revelaram que a potência estimada do objeto era extraordinária — entre 500 e 1400 megawatts, comparável à potência de uma pequena central nuclear moderna.
Eventos de alta energia não são incomuns em relatos de OVNIs/UAPs. Essas ocorrências são frequentemente associadas a efeitos fisiológicos nas testemunhas, incluindo danos ao sistema nervoso central, pele e olhos, bem como condições de longo prazo que às vezes requerem hospitalização e, em casos raros, podem ser fatais. Do ponto de vista físico, a manifestação mais comum é a energia luminosa, que em alguns incidentes chegou a acionar fotorreceptores de postes de luz em cidades e vilarejos próximos.
Recuperação de amostras
Após a publicação do Relatório Condon em 1968, o professor Galloway voltou ao local com colegas para uma pesquisa mais sistemática. Desta vez, foram encontradas evidências materiais de exposição à radiação: fragmentos de casca de árvore exibiam sinais claros de queimaduras luminosas.
As amostras foram comparadas com madeira recolhida em áreas protegidas da fonte de radiação. Os resultados mostraram diferenças visíveis entre os dois materiais, reforçando a hipótese de que o fenómeno de Haynesville envolvia uma fonte de energia anómala e de alta intensidade.

No artigo “Estimativas dos valores de energia radiativa em observações ao nível do solo de um fenómeno aéreo não identificado: novos dados físicos”, os investigadores Jacques Vallée, Luc Dini e Geoffrey Mestchersky detalham como o objeto causou queimaduras na casca das árvores próximas e emitiu luz intensa o suficiente para ofuscar os faróis dos carros. Estimativas iniciais sugerem que a energia irradiada pelo fenómeno — embora inferior às estimativas do Projeto Condon (500 a 1.400 megawatts) — ainda poderia ser comparável a uma pequena usina nuclear, entre 500 e 900 MW.
Fragmentos de casca coletados no local foram analisados usando espectrometria gama, revelando a presença de radionuclídeos naturais e césio-137. Esta descoberta levanta questões sobre a origem da energia irradiada, uma vez que a radiação não podia ser explicada por testes nucleares ou fontes conhecidas na altura. O estudo excluiu a possibilidade de contaminação por centrais nucleares ou precipitação radioativa global, concluindo que a presença de césio-137 nos fragmentos é uma descoberta intrigante que requer uma investigação mais aprofundada.
Para entender como a energia do fenómeno interagiu com o ambiente, os investigadores desenvolveram modelos de difusão térmica 1D simulando a propagação do calor na casca das árvores. As simulações indicam que a temperatura da superfície das árvores pode ter subido de 20 °C para mais de 760 °C em segundos, carbonizando parcialmente a casca a uma profundidade consistente com as amostras recuperadas.
O estudo também apresenta diferentes hipóteses sobre a radiação: isotrópica, irradiando em todas as direções, ou direcional, semelhante a um feixe de luz focado. Dependendo do modelo, a energia irradiada estimada poderia exceder 11 milhões de watts sob certas condições.

Os autores enfatizam que incidentes de alta energia não são únicos: outras observações nos Estados Unidos e na França registraram fenômenos luminosos intensos, capazes de acionar sensores de luz em cidades e vilarejos, demonstrando que fenômenos aéreos não identificados podem produzir efeitos físicos mensuráveis.
Dada a complexidade do fenômeno, os pesquisadores sugerem novas investigações utilizando técnicas modernas, como simulações laboratoriais com fontes de luz de alta intensidade, coleta sistemática de diferentes espécies de árvores e modelagem térmica 2D e 3D para avaliar a distribuição de energia. O objetivo é refinar as estimativas de energia, compreender as interações ambientais e identificar as características do emissor de luz.
Este trabalho representa um marco na investigação científica de objetos voadores não identificados, ao combinar evidências físicas históricas com análises modernas, reforçando que estudos rigorosos podem gerar dados concretos sobre fenômenos antes tratados apenas como relatos anedóticos.