No dia 20 de julho, o explorador sueco Dennis Asberg, um dos líderes e descobridores da chamada Anomalia do Mar Báltico, saiu do anonimato no X após publicar um vídeo afirmando que, em breve, em parceria com sua amiga, a proeminente e respeitada astrônoma sueca Beatriz Villarroel, revelariam ao mundo algo “tão avassalador, completamente insano e difícil de processar que talvez nem devesse ser revelado à humanidade.”
O anúncio de Asberg chamou a atenção, gerou debates e também enfrentou muitas críticas, levando-o a deletar a postagem.
Mas a dúvida e a expectativa já estavam lançadas: afinal, o que poderia ser tão avassalador a ponto de talvez não ser uma boa ideia revelar à humanidade?
Beatriz Villarroel é uma astrônoma sueca de ascendência espanhola que conquistou reconhecimento mundial por seu trabalho inovador e por desafiar os limites da astronomia tradicional. Filha de uma família marcada por histórias de migração — um de seus avós foi uma das “crianças da guerra” enviadas da Espanha para a União Soviética durante a Guerra Civil Espanhola —, Beatriz carrega em sua trajetória o espírito de quem busca novas fronteiras, tanto na ciência quanto na compreensão do universo.
Formada em Física e com doutorado em Astronomia pela Universidade de Uppsala, na Suécia — onde defendeu, em 2017, uma tese sobre núcleos galácticos ativos —, Beatriz construiu uma carreira marcada pela ousadia e pela interdisciplinaridade. Atualmente, é professora assistente no Instituto Nórdico de Física Teórica (NORDITA), afiliado à Universidade de Estocolmo e ao Instituto Real de Tecnologia (KTH). Antes disso, trabalhou em centros de excelência como o ETH Zurich e o Instituto de Astrofísica de Canárias, na Espanha.
O que realmente torna Beatriz um nome singular na ciência são os projetos que lidera. Um deles é o VASCO — Vanishing & Appearing Sources during a Century of Observations — que compara imagens do céu tiradas em diferentes décadas para identificar estrelas e objetos astronômicos que desapareceram misteriosamente. O projeto pode revelar desde fenômenos astrofísicos extremos, como estrelas que colapsam diretamente em buracos negros, até sinais de tecnologias desconhecidas. O VASCO também incorpora ciência cidadã, envolvendo voluntários de vários países — incluindo regiões da África —, tornando a busca por respostas um esforço verdadeiramente global.
Outro projeto ousado liderado por Beatriz é o EXOPROBE, que busca investigar a possibilidade da existência de sondas alienígenas no Sistema Solar. Utilizando câmeras de alta velocidade e técnicas avançadas de varredura, o objetivo é procurar artefatos que possam indicar atividade tecnológica não humana nas proximidades da Terra.
Seu trabalho lhe rendeu prêmios importantes, como o L’Oréal-UNESCO For Women in Science na Suécia em 2021 e o reconhecimento internacional como uma das 15 International Rising Talents em 2022. Em 2023, recebeu o prêmio Courage Award da Heterodox Academy, por sua coragem intelectual e compromisso com a ciência aberta.
Além da pesquisa, Beatriz também se destaca como comunicadora científica. Em um evento TEDx em Zurique, defendeu a importância de buscar artefatos alienígenas sem preconceitos e com base no método científico. Também apresentou suas ideias na Sol Foundation, em Stanford, mostrando seus projetos como exemplos de como a astronomia pode abraçar novas perguntas sem medo do desconhecido.
Assim, com uma astrônoma desse calibre por trás do anúncio, as especulações rapidamente surgiram — e se mostraram corretas: a revelação seria de que possíveis tecnoassinaturas — sinais ou evidências que indicam a presença de tecnologia não humana — teriam sido registradas ou descobertas na órbita da Terra.
Nas redes sociais, muitos chegaram a usar o termo “sondas alienígenas” para se referir a possíveis dispositivos que estariam monitorando a Terra em algum momento da nossa existência.
Dois Artigos Publicados: “Os Transientes”
Na verdade, dois artigos foram publicados pela astrônoma Beatriz Villarroel após o anúncio feito pelo principal pesquisador do projeto da Anomalia do Mar Báltico.
Vale destacar que ambos são pré-prints e ainda precisam passar por uma rigorosa revisão por pares, como a própria Villarroel enfatizou em uma postagem em sua conta no X:
“Os dois artigos que publiquei são pré-prints — ou seja, estão sob revisão por pares. Cada resultado será agora examinado com rigor, em busca de vieses observacionais ou efeitos sistemáticos. Se os sinais forem confirmados, eles podem mudar a forma como vemos o céu.”
No dia 25 de julho, em colaboração com o astrônomo Stephen Bruehl, Beatriz lançou um artigo que explora a relação estatística e identifica uma possível conexão entre transientes (fenômenos que surgem e desaparecem no céu em curtos períodos de tempo) da era pré-Sputnik — anterior ao lançamento do primeiro satélite artificial pela antiga União Soviética —, testes de bombas atômicas e avistamentos históricos de OVNIs.
O estudo analisou imagens do céu tiradas entre 1949 e 1957 pelo Observatório Palomar, um período marcado por intensa atividade nuclear nos Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido. Durante a investigação, os cientistas descobriram que os transientes ocorreram com 45% mais frequência em dias de testes atômicos ou próximos a eles. Um aumento significativo desses fenômenos também foi observado em datas que coincidiram com picos de relatos de objetos voadores não identificados.
Essas descobertas sugerem que, mesmo antes de a humanidade ter objetos artificiais em órbita terrestre, algum tipo de atividade tecnológica não natural parecia estar ocorrendo no espaço. Além disso, os transientes apresentaram maior incidência durante períodos de testes de armas nucleares e coincidiram com eventos históricos de observações de OVNIs no planeta.
O ‘Suposto’ Artigo: Os Transientes São Realmente Tecnoassinaturas?
Na publicação feita ontem, dia 27, em sua conta no X, acompanhada do segundo artigo, a astrônoma destacou:
“A grande questão tem sido: os transientes são reais ou defeitos nas chapas fotográficas?”
Segundo ela, como também apontado no próprio comentário, esses “flashes de luz” que aparecem em observações astronômicas são provavelmente reflexos da luz solar em “objetos no espaço com superfícies altamente reflexivas” — e não erros dos equipamentos. Isso pode ser mais comum do que se imaginava.
“Este é um preprint de um artigo que está agora sob revisão. Tentamos pela primeira vez em 2022, mas era cedo demais para os periódicos. Anos depois, com métodos melhores, tentamos novamente. A grande questão tem sido: os transientes são reais ou defeitos nas chapas? Bem, parece haver um déficit claro de transientes na sombra da Terra. Se isso estiver correto, demonstra que são objetos altamente reflexivos com superfícies planas (pense em espelhos, vidro…) — e que os transientes são brilhos de luz solar. E parece que há mais deles do que pensávamos inicialmente.”

O que diz o artigo?
O artigo, intitulado “Eventos transientes múltiplos alinhados no First Palomar Sky Survey”, investiga eventos transientes alinhados em imagens astronômicas digitalizadas do First Palomar Sky Survey (POSS-I), feitas antes da era dos satélites. O objetivo principal é buscar objetos artificiais altamente reflexivos próximos à Terra que possam ser responsáveis por esses eventos.
Os pesquisadores aplicam uma metodologia proposta por Villarroel et al. (2022) e utilizam uma amostra de transientes de Solano et al. (2022). Eles procuram múltiplos transientes dentro de uma única exposição da chapa fotográfica que, além de serem pontuais, estejam alinhados em uma faixa estreita. Para isso, usam as imagens do POSS-I e verificam os candidatos com imagens de resolução maior do SuperCOSMOS Sky Survey, descartando artefatos de digitalização ou defeitos nas chapas fotográficas. Também realizam um teste na sombra da Terra para verificar se a visibilidade dos transientes depende da luz solar.
O estudo identifica vários candidatos promissores de transientes alinhados, incluindo um com significância estatística de aproximadamente 3,9. Os autores destacam que explicações astrofísicas ou instrumentais conhecidas não explicam completamente esses eventos. Curiosamente, um dos candidatos de alta significância coincide temporalmente com o “sobrevoo de OVNIs” em Washington D.C. em 1952, e outro ocorre um dia após o pico da onda de OVNIs de 1954. Embora não se sugira causalidade direta, essas correlações temporais indicam a necessidade de investigações adicionais.
Os autores exploram a hipótese de que esses eventos são causados por rápidas reflexões da luz solar em objetos altamente reflexivos na órbita geoestacionária (GSO) ou emissões de fontes artificiais acima da atmosfera terrestre. Eles encontram um déficit altamente significativo de transientes dentro da sombra da Terra, o que apoia a interpretação de que o reflexo da luz solar desempenha um papel fundamental na produção desses eventos, reforçando a rejeição da hipótese de defeitos nas chapas fotográficas.
O artigo também discute o desafio de distinguir entre transientes genuínos e defeitos nas chapas, argumentando que a ocorrência simultânea e alinhada dos transientes é uma forte assinatura de objetos orbitais reflexivos. A ausência de causas naturais ou instrumentais conhecidas, combinada com o alinhamento espacial, exige mais investigação.
Finalmente, o estudo sugere que a análise de dados históricos de levantamentos fotográficos pode revelar fenômenos transientes desconhecidos e incentiva buscas mais sistemáticas nesses conjuntos de dados. Também menciona o desenvolvimento de métodos baseados em inteligência artificial para filtrar transientes que se assemelham a defeitos e estimar a fração máxima de objetos que poderiam ser artefatos não terrestres (NTAs). Simulações com diferentes formas tridimensionais de objetos foram realizadas para entender os padrões de brilho observados.
Em palavras simples
O artigo propõe que, se for concluído que tais registros não são erros de equipamento, poderíamos estar diante de fortes evidências científicas de atividade tecnológica não humana na órbita da Terra.
Isso indicaria que eles são tecnossinaturas — tecnologias artificiais alienígenas.
Como já sugerido por outros nomes da ciência acadêmica, como o conhecido professor de Harvard Avi Loeb, objetos tecnológicos — como espaçonaves e “sondas” de alguma outra civilização no universo — poderiam estar acompanhando e monitorando nossas atividades na Terra.
A correlação entre testes nucleares e avistamentos, relatos e atividades de OVNIs durante o período em que esses transientes foram capturados reforça algo muito especulado no campo da ufologia: o interesse do fenômeno em nossas ações, especialmente em áreas sensíveis como bases militares e usinas nucleares.
Se confirmado, essas observações poderiam representar algumas das evidências mais contundentes já encontradas de que não estamos sozinhos e que civilizações avançadas podem estar observando a Terra, deixando rastros detectáveis em dados astronômicos históricos.
Você pode acessar o primeiro artigo clicando aqui e o segundo artigo clicando aqui.
Para quem quiser saber mais sobre as aventuras da astrônoma Beatriz Villarroel nesse universo acadêmico não convencional:
Aqui está sua palestra TEDx de dois anos atrás sobre a busca por vida alienígena:
Aqui está a tradução da frase para o português: