As críticas preestabelecidas mediante a esta visão, diria que, desconexa da massa ou de uma grande parcela dela, manifestam-se presumivelmente em parte a conceitos afetivos e também pre-estabelecidos e intimamente pessoais. Que, embora evidenciem um aspecto místico, esotérico e mágico para esses, também demonstram uma sujeição a uma outra síndrome ao meu ver, a do vira-lata.
Quando nos agarramos, por anseio, a algo supostamente superior, ou pelo menos em nosso ponto de vista, automaticamente e deliberadamente nos sujeitamos.
Parece que o conceito de liberdade e respeito andam distorcidos na mente daqueles que experimentam ou simplesmente admiram o incognoscível. “O amor é a lei, mas o amor sob vontade?”
Expressar ditatorialmente que a culpa é somente deles reconheço que é mesquinho, mas ignorar a inocência espontânea é negligenciar o fato.
O que prediz e o que conduz uma experiência satisfatória se não a vontade? Quando deixamos de nos auto-organizar como percussores de nossas próprias vontades e passamos a baseá-las à vontade de outrem?
Usar do argumento que fazemos o mesmo com tartarugas, tubarões e golfinhos não me parece uma comparação justa. Desde quando somos racionalmente equiparados a eles? Ainda que os tratemos quando os capturamos e os raptamos, (pelo menos tentamos), da forma mais humana possível. Desenterrar um ovo de tartaruga do Projeto TAMAR em uma das praias aqui do nordeste brasileiro pode se tornar mais danoso do que você imagina.
Dentro da casuística, observamos as mais variadas formas de contato e abdução, não há um padrão a viés de regra, sabemos.
Poderia-se usar o argumento de que nem todos “eles” são iguais, mas ainda assim não justificaria a sujeição. Uma coisa não legitima a outra. O ponto em questão não é necessariamente o comportamento deles, mas a aceitação “desperta” dos outros.
Quão bonzinhos são? Alguns parecem ignorar a indiferença. Os russos iriam justificar ações americanas e vice-versa. Perdestes o senso crítico?
Não somos vira-latas, diria o nacionalista chauvinista.
O conceito primordial da existência está na evolução; essa evolução ou constante mudança é amparada basicamente nas escolhas e decisões, conhecemos a cartilha.
Não me parece razoavelmente lógico supor que ser tratado, ainda que para supostamente nosso próprio bem, a força, seja algo bom. O despertar garante uma série de condições tanto físicas quanto mentais, mas não molda perfeitamente o racional. Ao meu ver, a conclusão óbvia a eles é que o “divino” merece ser bajulado. Tratar carrascos como sublimes te torna um bajulador?
Precisaríamos de uma carta inderessada com pedido de desculpas? A aceitaríamos? Alguns obviamente não. Confesso que o parecer me parece rude, mas desde quando uma crítica é bem recebida? Construtiva, seria a observação que nos aflige.
Inimagináveis talvez sejam as interpretações, buscamos sempre o conforto de nossas próprias aceitações, reconhecemos isto? Não me leve a mal se a sua busca pela verdade inclui aceitar, o erro não está aí ao meu ver, o erro está na maneira. É sempre lúdico ter um senso crítico de percepção, a natureza do nosso eu é compatível com nossas convicções.
“Eles estão aí, adoremos-os”! Não considere esse texto como um monólogo terceirizado mas mais como um texto crítico-reflexivo, é isso que ele é. Reféns de nossos próprios conceitos. Deixamos de ser quando expomos sem medo o que pensamos. Vamos deixar de liberar nossas frustrações em outros humanos, pelo menos às vezes é bom mudar o alvo.
Se libertar às vezes também é um problema complicado, ainda mais quando os prisioneiros são aqueles que não mais estão atrás das “grades”. Nos tornamos uma vítima inconsciente de nossa própria visão de liberdade.
Texto: Júlio Tavares