Uma nova pesquisa revelou que o ar em grandes altitudes na atmosfera da Terra está repleto de organismos vivos, desafiando as ideias atuais sobre a disseminação de micróbios e sua relação com a saúde humana.
Nessa pesquisa pioneira, uma equipe internacional de especialistas em clima, saúde e atmosfera coletou dados durante dez voos de aeronaves sobre o Japão em altitudes entre 1.000 e 3.000 metros.
Como resultado, eles detectaram uma diversidade surpreendente de bactérias, vírus e fungos viáveis lá em cima, alguns deles potencialmente patogênicos para os seres humanos.
O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere que esses microrganismos podem viajar milhares de quilômetros, levantando preocupações sobre sua dispersão.
No total, foram analisadas amostras de ar, revelando mais de 266 gêneros de fungos e 305 gêneros de bactérias. Entre as bactérias, predominaram Actinobacteria, Bacillota, Proteobacteria e Bacteroidetes, enquanto Ascomycota foi o fungo mais comum.
Também foram encontradas bactérias patogênicas, como Escherichia coli, Serratia marcescens e Staphylococcus epidermidis.
Outra descoberta significativa foi a capacidade desses organismos de se moverem com a ajuda de ventos fortes, sugerindo que eles podem viajar longas distâncias e que alguns podem carregar genes resistentes a antimicrobianos. Isso representa um novo mecanismo para a dispersão de micróbios nocivos em escala global.
A análise de DNA da equipe também confirmou que muitos dos microrganismos encontrados eram capazes de crescer em cultura, destacando seu possível impacto sobre a saúde humana em amplas regiões geográficas.
Além disso, a origem de vários desses organismos foi rastreada até a China, confirmando que os ventos facilitaram sua movimentação por até 2.000 quilômetros.
Espera-se que os dados coletados pelos cientistas para esse estudo estimulem futuras pesquisas sobre os riscos à saúde, antes ignorados, associados à disseminação de micróbios em grandes altitudes.