Um novo estudo conduzido pelos astrônomos Stephen Bruehl e Beatriz Villarroel identificou uma possível conexão entre testes nucleares realizados durante a Guerra Fria, fenômenos astronômicos ainda sem explicação e o aumento dos relatos de OVNIs ao redor do mundo. A pesquisa analisou imagens do céu captadas entre 1949 e 1957 pelo Observatório Palomar, período marcado por intensas atividades nucleares dos Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido.
Durante a investigação, os cientistas identificaram ocorrências de “transientes” — fontes de luz que surgem e desaparecem subitamente — com uma frequência 45% maior em dias próximos a testes atômicos. Além disso, foi observado um aumento expressivo desses fenômenos em datas que coincidiram com surtos de avistamentos de objetos voadores não identificados.
As imagens analisadas pertencem ao levantamento POSS-I (Palomar Observatory Sky Survey), um dos registros astronômicos mais detalhados do século XX. Segundo os autores, essas aparições luminosas temporárias podem estar relacionadas a efeitos secundários das explosões nucleares, como a emissão de radiação de Cherenkov, conhecida por gerar clarões azuis em meios atmosféricos ou aquáticos.
O caso mais emblemático citado no estudo aconteceu em julho de 1952. Três pontos luminosos surgiram e desapareceram num intervalo de uma hora em uma mesma imagem capturada por placas fotográficas. A data coincide com uma das maiores ondas de avistamentos de OVNIs já registradas, sobrevoando inclusive a capital dos Estados Unidos, Washington D.C.

Outro dado relevante da pesquisa é a recorrência dos transientes próximos a instalações nucleares e áreas de testes militares, justamente onde também foram relatados objetos metálicos voando em altitudes elevadas. Esses padrões sugerem que parte dos fenômenos pode estar associada a objetos físicos em órbita ou nas camadas superiores da atmosfera.
Embora o estudo evite afirmar qualquer relação causal direta, os autores defendem que as coincidências estatísticas são fortes o suficiente para justificar investigações científicas mais aprofundadas sobre o fenômeno — especialmente diante da reclassificação oficial de muitos desses avistamentos como “fenômenos anômalos não identificados” (UAPs, na sigla em inglês).
A pesquisa, disponível no portal Research Square, contribui para uma abordagem mais empírica do debate sobre OVNIs, até então dominado por relatos subjetivos e especulações.