Um novo estudo sugere que uma civilização alienígena avançada pode destruir seu próprio planeta em menos de 1.000 anos devido às mudanças climáticas, mesmo que dependa exclusivamente de fontes de energia renováveis.
Simulações conduzidas por astrofísicos, que examinaram a ascensão e queda de civilizações alienígenas, indicam que, caso uma civilização passe por um crescimento exponencial em termos de tecnologia e consumo energético, o planeta se tornaria inabitável em menos de um milênio. Esse cenário se manteria verdadeiro mesmo com o uso de energias renováveis, devido à dissipação inevitável de calor, conforme as previsões das leis da termodinâmica. Os resultados desta pesquisa foram publicados no banco de dados de pré-impressão arXiv e estão em processo de revisão por pares.
Embora o estudo tenha sido motivado pela busca de entendimento das implicações da vida extraterrestre, sua origem está relacionada ao uso crescente de energia pela humanidade, que tem se expandido de forma exponencial desde o início do século XIX. Em 2023, o consumo global de energia atingiu aproximadamente 180.000 terawatts-hora (TWh), volume equivalente à energia recebida pela Terra do Sol em um dado momento.
Atualmente, a maior parte dessa energia é derivada de fontes fósseis, como gás e carvão, responsáveis por aquecer o planeta em uma taxa insustentável. Entretanto, mesmo que essa energia fosse inteiramente proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, o crescimento populacional e tecnológico continuaria a exigir quantidades cada vez maiores de energia, exacerbando o problema ambiental.
“Isso levantou a questão: ‘Isso é algo sustentável em um longo período de tempo?’” Manasvi Lingam, astrofísico da Florida Tech e coautor do estudo, disse ao Live Science em uma entrevista.
Lingam, juntamente com seu coautor Amedeo Balbi, professor associado de astronomia e astrofísica na Universidade Tor Vergata de Roma, buscaram aplicar a segunda lei da termodinâmica para entender esse fenômeno. Essa lei estabelece que não existe um sistema de energia completamente eficiente, ou seja, parte da energia sempre será dissipada, inevitavelmente, em forma de calor. Essa dissipação contínua, ao longo do tempo, provocaria o aquecimento gradual do planeta, independentemente do tipo de energia utilizada pela civilização.
“Você pode pensar nisso como uma banheira com vazamento”, disse Lingam. Ele explicou o fenômeno usando a metáfora de uma banheira com pouca água. Inicialmente, um vazamento permitiria que apenas uma quantidade mínima de água escapasse. No entanto, à medida que a banheira é progressivamente preenchida — assim como o consumo de energia aumenta exponencialmente para atender à demanda —, um vazamento aparentemente insignificante pode, de repente, transformar-se em uma inundação completa.
Nesse contexto, a “casa inundada” representa a temperatura atmosférica de um planeta. O acúmulo gradual de vazamento energético, mesmo de fontes renováveis, acabaria por aquecer o planeta até um ponto em que ele se tornaria inabitável. Se o consumo energético não for controlado, esse nível catastrófico de aquecimento climático poderia ocorrer em menos de 1.000 anos desde o início da produção de energia, de acordo com a equipe de pesquisadores.
Para os astrobiólogos, esse limite temporal de 1.000 anos torna ainda mais desafiadora a busca por vida em outras partes do cosmos. Afinal, 1.000 anos é um intervalo insignificante em termos cósmicos, considerando que planetas como a Terra levam centenas de milhões de anos para se tornarem habitáveis. No entanto, Lingam observou que a extinção alienígena não é o único resultado possível do uso exponencial de energia.
Ainda assim, existem alternativas viáveis, tanto para a humanidade quanto para civilizações alienígenas. Em vez de aceitar a extinção ou investir no desenvolvimento de tecnologias capazes de transferir a produção de energia para fora do planeta, uma civilização poderia adotar um modelo de crescimento estável e sustentável, sugeriu Lingam. Essa abordagem implicaria em limitar o consumo energético e buscar um equilíbrio entre progresso tecnológico e preservação ambiental, evitando o colapso climático e prolongando a habitabilidade do planeta.
“Se uma espécie optou pelo equilíbrio, aprendeu a viver em harmonia com seu ambiente, essa espécie e seus descendentes poderiam sobreviver talvez até um bilhão de anos”, disse ele.