O drone RQ-170 Sentinel, que se aparenta a um disco voador, mas é um veículo bem terrestre. Assim como ele, outros veículos, cada vez mais avançados, estão por aí… |
De olho na guerra:
Veículos aéreos secretos e projetos negros
A jornalista Sharon Weinberger aponta, “Todo ano, dezenas de bilhões de dólares do orçamento do Pentágono vão faltar. O dinheiro não desaparece por causa de fraudes, desperdício ou abuso, mas porque os planejadores militares dos EUA usam tais verbas para desenvolver secretamente armas avançadas e financiar operações clandestinas”.
Com o título de “A tecnologia militar secreta na idade do terrorismo” a revista americana ‘Popular Science’ do mês de setembro de 2010, destacou, entre outros, um dos mais recentes e ousados projetos secretos dos Estados Unidos, o RQ-170 Sentinel [imagem ilustrativa acima], produzido pela gigante aeroespacial Lockheed Martin. A fabricante, já faz décadas, presta serviços para a NASA e outros departamentos do governo dos EUA.
Mas o artigo mantém seu foco nas grandes somas de dinheiro do orçamento federal dos EUA, dedicadas aos projetos voltados para a produção de veículos aéreos secretos. De acordo com a publicação, os projetos secretos envolvendo aeronaves desconhecidas e promovidos pelo Pentágono contam com um “orçamento negro” superior ao dos tempos da Guerra Fria. No entanto, destaca que “o campo de batalha mudou completamente”.
O artigo é assinado pela jornalista Sharon Weinberger, e aponta, “Todo ano, dezenas de bilhões de dólares do orçamento do Pentágono vão faltar. O dinheiro não desaparece por causa de fraudes, desperdício ou abuso, mas porque os planejadores militares dos EUA usam tais verbas para desenvolver secretamente armas avançadas e financiar operações clandestinas”.
Ela afirma que em 2011, este orçamento “negro” seria ainda maior do que era nos tempos da Guerra Fria, como em 1987, quando a fiscalização do orçamento negro, pelo Centro de Avaliação Estratégica e Orçamentária (CSBA), começou a recolher as estimativas fiáveis. “O total atual é impressionante: US$ 58 milhões, o suficiente para pagar dois projetos Manhattan completos”, afirma a autora.
Mas para onde vai tanto dinheiro? Sharon Weinberger diz que o acompanhamento do orçamento negro sempre foi um grande desafio. Constantemente mudam-se os nomes dos projetos que parecem ser gerados aleatoriamente por computadores, tais como, Tractor Cage, Tractor Dirt e Hip Tractor são alguns exemplos reais desses projetos.
A autora cita Todd Harrison, um analista do CSBA, para quem, as dotações destinadas às operações classificadas no orçamento federal de 2011, inclui US$ 19,4 milhões para pesquisa e desenvolvimento nos quatro ramos das Forças Armadas (inclusive, financiamento à CIA, para executar seus ataques de drones no Afeganistão e no Paquistão), além de outros US$ 16,9 milhões destinados à aquisição de materiais, e US$ 14,6 milhões para “operação e manutenção”. Esta última categoria, observa Harrison, tem se expandido rapidamente. Isto pode sugerir que muitas tecnologias estão migrando diretamente dos laboratórios para os campos de batalha.
Mudança de estratégia
Para a jornalista Weinberger, na verdade, o aumento nos gastos de defesa acompanha uma mudança fundamental na estratégia militar norte-americana. Após os atentados de 11 de setembro, o Pentágono iniciou uma mudança desde a Guerra Fria, como premissa à manutenção da capacidade de realizar duas grandes operações militares simultâneas, com o intuito de se concentrar na guerra irregular contra indivíduos e grupos.
Essa mudança estratégica aponta que os investimentos não estão mais voltados contra uma nação em si, mas contra grupos armados e para tanto, os gastos se voltam às tecnologias que apóiem os planejamentos dessa modalidade de guerra.
Weinberger afirma que cada ramo das forças armadas usa uma linguagem diferente para descrever este processo e, mesmo dentro do Pentágono, poucos conhecem os detalhes precisos do orçamento negro. Mas, combinando o que é conhecido sobre os objetivos do Pentágono com os mais recentes avanços em tecnologia militar, nasce um esboço de seus contornos gerais.
Satélites espiões e caçadas pessoais
“Os satélites On Demand são hoje o sonho de consumo do Pentágono para a vigilância no campo de batalha, que não termina com os conhecidos drones”, alega Weinberger. Outro objetivo é que satélites de reconhecimento possam ser lançados dentro de poucos dias, numa abreviação drástica de um processo que hoje levaria de um a dois anos. Os satélites têm pelo menos duas vantagens significativas sobre os drones: eles podem ficar no ar, 365 dias por ano e podem trafegar livremente, pois estão isentos de preocupações legais acerca do espaço aéreo internacional.
Realizar vigilância com drone mantendo a qualidade de um satélite exige uma tecnologia avançada de imagem como aquela encontrada em um satélite experimental lançado pela Força Aérea dos EUA em 2009, o TacSat-3. Esse satélite TacSat-3 está equipado com sensores hiperespectrais, que captam a radiação eletromagnética em um espectro tão amplo que pode detectar até uma bomba enterrada. É um passo inicial para que os satélites passem a localizar e identificar pessoas individuais na superfície da Terra.
O primeiro elo desse plano mortal seria encontrar a pessoa caçada. Particularmente, no Afeganistão e no Paquistão, esse tipo de espionagem é cada vez mais utilizada com os oficialmente chamados Veículos Aéreos não Tripulados (VANTs – UAVs, do inglês), ou popularmente conhecidos como drones.
De acordo com a New America Foundation, uma organização americana sem fins lucrativos, os EUA realizaram 45 ataques de drones no Paquistão, somente nos seis primeiros meses de 2010. Tomando por base o uso de aeronaves não tripuladas para missões, como sugere o orçamento negro, é quase certo que os drones de uma próxima geração já tenham recebido financiamentos.
Capa da revista Popular Science, em setembro/2010 destacou o uso da tecnologia secreta contra o terrorismo. |
The Lockheed Martin RQ-170 Sentinel
Em abril de 2009, uma revista francesa publicou a fotografia de uma aeronave remota desconhecida e com asas finas, a qual já havia sido detectada também no sul do Afeganistão e que especialistas aeroespaciais designaram de a “Besta de Kandahar”. Depois surgiu uma outra fotografia, à qual, a Força Aérea emitiu um comunicado e finalmente forneceu sua identidade formal: era o The Lockheed Martin RQ-170 Sentinel.
Fabricado pela Lockheed Martin, o RQ-170 Sentinel, consiste numa asa tailless, que possui contornos superficiais de uma aeronave equipada com sistema stealth [o que a torna invisível aos radares]. Foram notadas as semelhanças entre o RQ-170 e as aeronaves Lockheed Polecat não tripuladas, que os observadores de VANTs, faz muito tempo, já especulavam que estariam sendo desenvolvidas em segredo, até que foi finalmente tornada pública na Farnborough International Airshow, uma feira realizada na Inglaterra em 2006.
A Força Aérea diz que o Sentinel se trata apenas de um avião de reconhecimento, mas para Weinberger, muita coisa sobre o RQ-170 ainda é intrigante. Ela indaga sobre o porquê de a Força Aérea americana necessitar de uma aeronave stealth no Afeganistão, um país sem sistema de defesa por radar. Para a autora, este veículo foi desenvolvido tendo em mente um inimigo mais sofisticado, talvez, a China. No entanto, argumenta, “isso não significa que não poderia ser adaptado para os conflitos atuais”.
Para Sharon Weinberger, ao contrário do Predator, relativamente fácil de detectar, assim como os conhecidos drones Reaper, o QR-170 em stealth poderia permitir a realização de missões que os aviões são limitados. Entre elas, o monitoramento clandestino, ou mesmo, navegar despercebidamente para além das fronteiras do Afeganistão, em direção ao Irã ou ao Paquistão, para espionar seus programas nucleares, por exemplo.
Aeronaves como o RQ-170, o Predator e o Reaper podem estar perto do fim de suas jornadas. Por esta razão, afirma Weinberger, o Pentágono estaria a desenvolver micro-aviões projetados para investigações perigosas em terreno inimigo. Em abril, o jornal Washington Post relatou que a CIA estava usando micro-aviões do tamanho de pratos de pizza para localizar insurgentes no Paquistão.
O orçamento do Pentágono em 2010 contém uma breve referência ao projeto (não classificado) Anubis, que leva o nome do antigo deus egípcio dos mortos. O Anubis se trata de um micro-robô desenvolvido pelos laboratórios de pesquisa da Força Aérea americana. De acordo com Weinberger, a Força Aérea não vai se pronunciar sobre tal veículo específico, mas um vídeo de marketing feito em 2008 e divulgado pelo laboratório, sugere que no futuro os microdrones possam ser equipados com uma infinidade de produtos químicos, cargas inflamáveis, explosivos ou mesmo artilharia de precisão, de acordo com a capacidade de cada segmentação desses veículos.
O vídeo mostra uma aeronave drone carregada de explosivos, trabalhando durante um bombardeio. Documentos do Orçamento indicam que o Anubis Project agora está completo, e isso significa que pelo menos um microdrone já poderia estar atuando em campo.
OVNIs e VANTs
Temos observado há muito que o aparecimento de aeronaves desconhecidas nos céus do planeta pode estar relacionado com projetos secretos, tantos dos EUA, quanto de outros países. Enquanto apressados pesquisadores da ufologia correm para taxar como sendo de natureza ET a tudo o que é desconhecido, temos alertado para o surgimento desses veículos aéreos desconhecidos terrestres que, por isso mesmo, se configuram como OVNI (Objeto Voador Não Identificado), mas não deveriam ser necessariamente entendimentos como sendo extraterrestres, pelo simples fato de apresentarem diferenciadas evoluções ou outras façanhas aéreas. Sendo secretos, alguns podem ser antigos e estão de fato, sendo cada vez mais aperfeiçoados e em breve, poderão portar – pelo bem ou pelo mal – tecnologias imagináveis para a atualidade e, certamente, continuarão sendo vistos como “de outro mundo” para muitos.
Nesse sentido, por mais surreais que possam parecer o seu desenho ou suas manobras de navegação, não é correto ou prudente afirmar que um objeto voador desconhecido provenha de uma fonte extraterrestre inteligente, sem comprovar tal afirmação como um fato.
Certo é que a popularização dos drones de diferenciados modelos, bem como o crescimento da indústria de aeromodelos motorizados deverão agravar ainda mais a confusão feita por leigos ou entusiastas dos discos voadores, que insistem em taxar de “extraterrestre” tudo o que lhe é desconhecido.
Finalidades
Como vimos, as finalidades dessas aeronaves não tripuladas podem ser ilimitadas, dependendo, evidentemente, das intenções e interesses de quem as controla. Os drones podem servir desde para monitoramento e segurança urbana ou até mesmo para executar ataques bélicos, envio de materiais, prospecção mineral e como vimos, também para encontrar encontrar “foragidos e terroristas” ou simplesmente matar pessoas.
Enquanto isso, os “mistérios” transitam entre a terra e o céus…
Fonte: Aerovia