A mais de duas décadas, a ufologia brasileira viria a entrar para história com um caso. O caso Varginha. Mas no ano de 2009, tanto ela quanto o Caso veio a ser abalada com um lançamento de um livro bombástico, do senão, maior investigador do Caso, o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues. Em “A Desconstrução de um Mito”.
O Caso
O Caso Varginha é de longe um dos casos ufológicos mais conhecidos do Brasil e do mundo, todos os jovens que ousaram se aventurar nas entranhas da ufologia, deve ter tido uma pitada de curiosidade à partir dele.
Ocorrido em 1996 na cidade de Varginha, Minas Gerais, envolveu relatos de objetos não identificados e avistamentos de criaturas desconhecidas. Três jovens mulheres afirmaram ter visto seres estranhos em uma área urbana da cidade.
Logo após, surgiram rumores de que essas criaturas teriam sido capturadas pelas autoridades locais e entregues ao Exército Brasileiro, mas o governo negou qualquer envolvimento.
O caso foi amplamente investigado por ufólogos brasileiros e internacionais na época, cativando a atenção da mídia e se tornando um dos eventos ufológicos mais famosos do Brasil. Gerando especulações e teorias conspiratórias.
O ufólogo
Um dos primeiros ufólogos a investigar o caso e um dos que cumpunham o grupo dos 7, foi o investigador e pesquisador Ubirajara franco Rodrigues, que está dentre os maiores ufólogos do mundo com certeza.
Nascido em 11 de setembro de 1955 na cidade de Campanha, no sul de Minas Gerais, Ubirajara Franco Rodrigues demonstrou desde a infância um interesse pela Ufologia. Em uma noite, seu falecido pai, José Júlio de Lemos Rodrigues, que tinha um grande interesse pelos estudos sobre capacidades mentais, avistou um artefato estranho pousado à beira de uma estrada.
Na época, Ubirajara tinha apenas treze anos e encarou o incidente como uma brincadeira, uma vez que ele raramente acreditava em discos voadores, algo que ouvia mencionado de forma esporádica. No entanto, após deparar-se com uma publicação sobre abduções alienígenas, começou a considerar a possibilidade de algo mais sério. Isso o levou a reconsiderar a experiência de seu pai e a lançar-se na carreira de ufólogo.
Iniciou uma coleção de recortes de jornal e construiu uma biblioteca sobre temas ufológicos, o que o levou a realizar investigações de campo na região sul de Minas, considerada rica em tais fenômenos. Suas pesquisas eram compartilhadas através de boletins particulares. A professora Irene Granchi, em 1979, o apresentou à comunidade ufológica nacional, convidando-o para dar uma palestra no Rio de Janeiro.
A partir desse momento, Ubirajara participou de diversas apresentações públicas, defendendo uma abordagem séria e objetiva da Ufologia. Ele também participou ativamente do Centro Varginhense de Pesquisas Parapsicológicas (Cevappa), que teve reconhecimento inclusive no exterior.
Além de ser advogado de renome em Varginha, Ubirajara é também professor universitário na Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administração de Varginha (Faceca) e ufólogo. Sua atuação como investigador o levou a examinar pessoalmente diversos casos ao longo dos anos.
Em janeiro de 1996, desempenhou um papel crucial como principal investigador do notório Caso Varginha, um caso que se tornou conhecido em todo o mundo. Estudou Psicanálise Clínica pela Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (SPOB) e foi membro da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências.
Reconhecido por sua seriedade, Ubirajara Franco Rodrigues é um dos ufólogos mais respeitados no país e é admirado por seus colegas de pesquisa. Além disso, é fundador do Instituto Ubirajara Rodrigues, uma entidade voltada para a pesquisa de fenômenos inexplicáveis, e atua como representante do INFA na região sul de Minas Gerais, além de ter publicado livros nas áreas de Ufologia e Parapsicologia.
O livro
No ano de 2009, tal ufólogo lançou um livro, junto a um seu outro amigo e ufólogo. O livro viria a cair como um bomba na ufologia nacional, despertando desconfiança, elogios e principalmente críticas, muitas críticas.
Com um subtítulo “Um mito nada moderno sobre coisas vistas na Terra porque os discos voadores podem não existir“, Ubirajara Rodrigues e Carlos Reis criaram muita polêmica no cenário ufológico brasileiro.
A Desconstrução de um Mito
“Utilizando quatro décadas de experiências pessoais como base e respaldados por renomados nomes como Joseph Campbell, Jung e Mircea Eliade, entre outros, Carlos Reis e Ubirajara Rodrigues desmontam a narrativa dos discos voadores. Empregando uma análise crítica e meticulosa, os autores buscam ilustrar que a verdade dos eventos difere substancialmente daquela arraigada no imaginário popular.
Guiados por uma postura robusta e um raciocínio argumentativo fundamentado na lógica, os escritores exploram os intricados caminhos do universo ufológico. Eles destacam os erros e equívocos alimentados tanto pela má condução e tendenciosidade dos investigadores quanto pela abordagem sensacionalista adotada por certos setores da mídia. Estes últimos desempenharam um papel crucial na perpetuação do longo ciclo de desinformação e deturpação associado a esse tópico.
Para reforçar sua tese e ao mesmo tempo prevenir possíveis contraposições, os autores fundamentam suas argumentações em diversos estudos de Psicologia, Antropologia, Sociologia e neurociências. Eles também fazem referência a figuras respeitadas como Noam Chomsky, Carl Sagan, Lévi-Strauss e Lacan. Os escritores afirmam que elementos como a ficção científica, os aspectos comportamentais das testemunhas e a relação profunda e influenciadora com a religião e doutrinas pseudo-espiritualistas contribuíram para criar uma imagem irreal e distorcida.
Adotando uma abordagem sóbria, incisiva e ocasionalmente crítica, Carlos Reis e Ubirajara Rodrigues revelam a verdade subjacente e recentram o tema em sua devida posição. Isso confere à obra um caráter singular, polêmico e corajoso, que instiga os leitores a refletirem sobre e reconsiderarem suas concepções a respeito deste e de tópicos correlatos”.
Varginha: nenhuma prova concreta?
No livro, o autor discorre sobre as implicações entre a lógica investigativa a fé e o misticismo na ufologia. Como um dos principais ufologos inventigativos do caso. Ubiraja, também escreveu outro livro explorando o Caso Varginha anteriormente, no ano de 2001. Com o mesmo nome do caso; “O Caso Varginha“.
Livro escrito pelo ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, onde ele destrincha o Caso Varginha. |
Parecendo contrapor toda uma história de vida, e parecendo até que foi abduzido e trocado por um clone (haha) o pesquisador Franco Rodrigues põe um balde de água fria no Caso.
Munido de muito conhecimento e autoridade, na “Desconstrução de um Mito” o autor muda toda uma narrativa que manteve durante toda sua vida de ufólogo, e deixa uma controversa opinião a respeito da ufologia e do Caso Varginha, ele diz em suas próprias palavras:
“Assim prossegue na sua caminhada o literalmente fabuloso mundo da Ufologia. Neste final de tópico, peço licença para falar na primeira pessoa, de forma inédita, já que o autor parceiro não tem qualquer responsabilidade, antes, agora ou no futuro, com adivulgação do Caso Varginha.
Venho desde o início da grande comoção provocada pelo caso evitando fazer afirmações a respeito da origem extraterrestre das “criaturas” que o protagonizaram.
Como sempre dito, pela simples total ausência de evidências, indícios ou provas disto. De minha parte, sempre me interessei pelos fatos, incluindo sua riqueza de aspectos psicológicos e sociológicos. Pouca serventia teve. Há textos publicados em jornais, revistas e páginas da internet, atribuindo-me escritos ou falas que afirmam:
Tratar-se de “Ets”. Jamais o afirmei.
Durante a repercussão mundial de incomparável interesse, tentar corrigir artigos, entrevistas, crônicas ou opiniões errôneas, cunhadas inadvertida e equivocadamente em torno do que de minha parte eu afirmava, teria sido tarefa impossível, ou que me teria tomado mesesa fio, em prejuízo de minhas atividades profissionais e relacionamento familiar e social.
Esta foi a principal razão pela qual escrevi “O Caso Varginha” – para que me responsabilizasse tão somente e exclusivamente por aquilo que tivera sido escrito de minha própria palavra. De pouco adiantou. Muitos são os ufólogos que continuam acreditando que minhas convicções se prendem a um fator extraterrestre ínsito ao episódio Varginha.
Jamais utilizei a expressão “Et de Varginha”, apelido que, mesmo já consagrado mundialmente, confere aos fatos uma ligação indissociável com seres extraterrestres. Mesmo assim, em artigos que publiquei, manchetes e títulos que não escrevi foram grafados com este sentido. Quanto ao livro, são quase 400 páginas daquilo que consegui obter, ao lado de vários colegas coadjuvantes nas investigações.
Ele merece profundas críticas que, se nós autores da presente obra fizermos, parecerá uma espécie de escudo, uma tentativa de antecipar contraditórios para escapar à própria crítica. Portanto, antiético. Mesmo assim, encerro minha incursão na primeira pessoa” (Ubirajara Rodrigues; A Desconstrução de um Mito, 2009, p. 143, 144).
Em seguida, Ubirajara pede licença ao seu amigo e coautor para discorrer o seguinte:
“Em 1996, logo após as primeiras investigações do Caso Varginha, um manifesto foi redigido e assinado por dez das maiores expressões da Ufologia brasileira, cujos grupos e equipesa companhavam a pesquisa em Varginha, publicado em dezenas de veículos de jornais e revistas, do Brasil e no exterior. Através dele, nós, ufólogos, declarávamos não haver dúvida de que uma operação envolvendo várias instituições, inclusive militares, culminara com a captura de criaturas não classificadas biologicamente. Enfatizávamos que, para-cientificamente, essas criaturas são chamadas de “EBEs” – Entidades Biológicas Extraterrestres.
A princípio, o intento daquele documento era registrar a ocorrência e, por falta de melhor nomenclatura, declarar o encontro de dois organismos teoricamente desconhecidos. Porém, a redação – e, confesso ainda, de minha autoria – foi clara e não comporta, muito menos agora dez anos depois, qualquer tentativa de justificativa em contrário. Afirmávamos a captura de extraterrestres.
Como antes frisava, não adoto a postura de afirmar que o caso envolvera entidades alienígenas de outros planetas. Todavia, um email do cético Kentaro Mori, há poucos anos, foi a mim dirigido, contestando a minha postura. Lembrava-me que, com aquele manifesto, eu afirmara, sim, e assinara um documento, que em Varginha tinham sido capturados extraterrestres. Com total razão o sempre benvindo alerta do cético. Não olvidemos a trave em nossos próprios olhos, para falar do cisco nos olhos alheios. De fato o fiz.
Penitencio-me a todas as luzes. E a mania persecutória prossegue nos dias atuais. Basta um acontecimento sensacionalista expor um ou mais ufólogos para que estes se sintam “observados” e/ou monitorados, tenham seus telefones “grampeados”, sua correspondência vasculhada ou interceptada, mesmo que não possam comprovar. A sensação de estar sendo patrulhado precisa existir para fortalecer a aura demistério. E também o ego.
À parte tudo isto, ou ainda em continuidade aos exemplos de comportamento estranho que assola a Ufologia, estão tentando, desde há muito tempo, uma aproximação da Ufologia com a atitude tipicamente religiosa. Pura redundância. Distanciada completamente do método científico, a Ufologia já se iguala a uma religião.
Nem se tente justificar que as publicações de suas entidades (quase todas informais) de pesquisa deem a público também matérias de estilo científico, porque o que vem sendo regada é a avidez de um público despreparado e fascinado por questões místico-religiosas. E isto até alivia os leitores pela mesma razão dos ufólogos – o seu distanciamento das religiões, sem eliminação do condicionamentoque estas lhes impuseram e se tornou permanente – substituindo crenças e eliminando o respectivo medo de punição.
Daí, novo sincretismo, a ser detectado no futuro pelo sociólogo ou pelo antropologo. Seres de outro planeta travestidos de espíritos e deuses.
Ufologia misturada com religião. Ou o contrário. Ou tudo isso junto” (Ubirajara Rodrigues; A Desconstrução de um Mito, 2009, p. 144, 145, 146).
Abaixo deixo uma entrevista do Ubirajara, cedida ao Programa Vida Inteligente, dois anos após o lançamento do livro, onde ele por mais de uma hora, expõe em suas palavras, o que pensa.
Silenciado com a verdade ou ameaçado?
Outro ufólogo que participou ativamente do Caso e que compôs o grupo dos 7 foi o ufólogo Vitório Pacaccini.
Vitório Pacaccini, emergiu novamente na esfera da ufologia brasileira ano passado. Após quase duas décadas de ausência e em silêncio a respeito do Incidente em Varginha.
Pacaccini retomou a realização de entrevistas para meios de comunicação, engajou-se em transmissões ao vivo na rede e compareceu a ocasiões públicas, declarando ter testemunhado pelo menos uma gravação que apresentava de perto uma das entidades do Caso Varginha, capturada pelas forças armadas na cidade mineira em janeiro de 1996.
Junto com essa volta de Pacaccini à ufologia, veio também à tona, uma coisa que se remete ao Caso Varginha de uma maneira que talvez não se remeta a mais nenhum caso, ou pelo menos não com o mesmo peso.
A revista UFO lançou uma matéria esse ano com o seguinte título; “Ameaças e a pressão sobre os ufólogos do Caso Varginha: O que de fato aconteceu?” Nela o autor e ufólogo Marcos Petit um dos principais investigadores do caso, também, conta o que ocorreu de fato com relação as supostas e prováveis ameaças aos ufólogos do Caso Varginha.
Embora as questões de grampos e ameaças sejam pertinentes àqueles que muitas das vezes ousam se aventurar além e por a “mão onde não deve”, o caso do ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, não me parece esse.
Esse insignificante entusiasta que vos escreve neste blog, tem por premissa uma ideia menos ortodoxa e conspiratória. Para mim, o Ubirajara apenas mudou de ponto de vista.
Sabemos que Pacaccini teria sido supostamente silenciado com a verdade, em troca da comprovação de poder ver e assistir o vídeo, em troca de uma corroboração de sua insistente busca, teria enfim se aquietado durante todo esse tempo.
Acho que o que aconteceu com Ubirajara foi algo não tão comum, mas que quando acontece é significativo. Ao longo da nossa vida somos lastrados por convicções e crenças, muitas das vezes movidas por nossas próprias vontades em querer que aquilo ao qual nos apegamos seja verdade.
Não estou aqui dando uma opinião pessoal minha e dizendo que a ufologia é apenas uma má interpretação de algo (nem teria autoridade para tal) nem que o Caso Varginha de fato não ocorreu, ou que não há nada de extraterrenio nele, ou que foi apenas uma hesteria em massa conduzida por sensacionalismo de imprensa e muvuca de ufólogos.
O fato é que essa mudança de narrativa de uma das figuras mais significativas da ufologia brasileira (senão a mais) em relação ao Caso Varginha e principalmente à ufologia, trazem impactos demasiados, que embora já tenha de certa forma passado, devido ao tempo, ainda continua a despertar observações e mexer com a cabeça e o universo ufológico nacional.
Referência: Biografiaufologos