Marco Aurélio desapareceu em 1985 no Pico dos Marins, interior de São Paulo. Um caso misterioso que intriga a todos há 38 anos voltou à tona após novos desdobramentos.
Marco Aurélio Simon sumiu em 1985, aos 15 anos de idade, durante uma trilha no Pico dos Marins, situado em Piquete (SP), a aproximadamente 200 km da capital, e agora as autoridades policiais optaram por reabrir o caso.
A procura pelo jovem escoteiro tem se estendido por quatro décadas. Durante esse intervalo de tempo, inquéritos foram conduzidos e escavações realizadas, no entanto, nenhuma pista sólida emergiu até o momento.
Conforme relatado em uma reportagem do portal G1, com base em informações da Polícia Civil, a busca por Marco Aurélio está sendo retomada quase quatro décadas após seu desaparecimento, devido ao surgimento de novos indícios sugerindo que seu corpo possa estar sepultado no Pico dos Marins, o local de seu desaparecimento.
Marco Aurélio (à esquerda) em evento de turma de escoteiros de São Paulo. |
De acordo com a reportagem, drones equipados com tecnologia alemã, capaz de identificar materiais em profundidades consideráveis, detectaram marcadores no solo que podem indicar a presença de ossos enterrados. As autoridades policiais acreditam que esses marcadores correspondam a sepulturas.
A operação de busca contará com a colaboração de peritos de São Paulo, policiais do Vale do Paraíba e outros agentes de segurança.
O caso já havia sido reaberto em 2021
Em 2021, 36 anos após o evento, novas evidências desencadearam duas abordagens investigativas adicionais. Uma delas sugere que Marco Aurélio, com 15 anos naquela ocasião, foi vítima de homicídio e sepultado nas proximidades do local do acampamento.
A outra vertente de investigação levanta a possibilidade de o jovem ainda estar vivo, talvez vivendo em situação de rua. Relatos indicam que ele foi avistado em Taubaté. Nesse cenário, autoridades penitenciárias locais e equipes da Polícia Civil e Militar foram mobilizadas, conforme mencionado no site. Essa segunda abordagem é a que Sandra Vergal, a delegada encarregada da investigação na época, considera mais provável.
O ocorrido
A versão oficial do inquérito policial foi produzida a partir de relatos do líder Juan Bernabeu Céspedes e dos escoteiros Osvaldo Lobeiro, Ricardo Salvione e Ramatis Rohm. Afonso Xavier, que era muito familiarizado com o local, cedeu um espaço para o grupo se acomodar, que fica na base do Pico dos Marins. Ao escalar o pico, um dos garotos, Osvaldo Lobeiro, teria dito que machucou o joelho.
Juan Bernabeu Céspedes disse que permitiu que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento, descendo o Pico dos Marins e abrindo caminho na frente, marcando as pedras com giz o número 240 (identificação do Grupo de Escoteiros Olivetanos).
Quinze minutos depois da separação dos garotos, já não era possível ver Marco Aurélio descendo o Pico do Marins em direção ao acampamento.
Vindo após Marco Aurélio, o grupo identificou somente três marcas deixadas pelo garoto, que os levaram até uma bifurcação. Marco Aurélio teria escolhido seguir pelo lado esquerdo da bifurcação, mesmo tendo obstáculos que atrapalhariam a passagem do grupo com um dos membros machucado. O líder Juan teria contrariado a opinião dos garotos e foi pelo lado direito, direção oposta de Marco, afirmando que os caminhos se encontravam mais à frente, o que não aconteceu. Na manhã do dia seguinte, Juan procurou Marco andando nas trilhas, como não o achou, chamou as autoridades.
Após entrevistar o datilógrafo Vicente de Paula Santos, que disse que um major proibiu que ele acompanhasse os depoimentos, tendo que datilografar depois com o delegado Izidro de Ferraz ditando, Rodrigo Nunes disse que o inquérito policial não é confiável. O guia e voluntário Olindo Roberto Bonifácio, que participou da reconstituição do caso, questionou a versão de Juan Bernabeu Céspedes sobre ter cortado uma árvore, “de onde Juan falou que cortou uma árvore, até hoje não a encontramos”.
Teorias exóticas surgiram
Foram indicadas várias teorias para o desaparecimento. Uma delas foi apontada por um delegado, que sugeriu o possível envolvimento de extraterrestres, devido ao Pico dos Marins ser supostamente uma região com poder magnético. Quando os adolescentes se preparavam para dormir após a segunda noite de buscas, desta vez, próximo ao local que Marco desapareceu, ouviram o som de um grito que foi seguido pelo apito direcionado do matagal.
Sabendo que Marco tinha um apito por ser escoteiro, saíram correndo em direção ao matagal, observando apenas luzes azuis que piscaram três vezes. O grupo gritou e apitou, mas não obtiveram resposta. A teoria das luzes azuis é sustentada somente pelo grupo de escoteiros que presenciou. Afonso Xavier, que também presenciou o fato, discordou deles, disse que as luzes eram de casas distantes da região.
A teoria dos extraterrestres, dentre outras, foi questionada por Ivo Bosaja Simon em 2011:
“Tínhamos uma amizade muito grande com o Juan [Bernabeu Céspedes], seus pais, irmã, cunhado e sobrinhos. Chegamos a passar Natal juntos. Após o fato, ele prestou os depoimentos à Polícia e desapareceu. (…) Os depoimentos no inquérito nos levam a muitas suposições. Os erros do líder foram propositais? Falou-se em discos voadores e, por sugestão de um delegado de São Paulo, fomos a Brasília falar com o general Moacyr Uchoa, expert no assunto. Falou-se da seita Borboleta Azul e, no depoimento à Policia, seu responsável deu um endereço em Goiás, para onde teriam viajado na época alguns jovens. Pedi a jornalistas amigos para investigarem e o endereço era uma casa abandonada. (…) Se Marco Aurélio quisesse fugir, como suspeita o perito, poderia fazê-lo em São Paulo, com roupas, dinheiro e documentos. Na barraca na serra, ficou tudo isso”.
Um depoimento controverso foi obtido do escoteiro Osvaldo Lobeiro, que foi separado dos outros garotos e presenciou Juan Bernabeu Céspedes sendo torturado, sem o acompanhamento do escrivão. Após o fato a polícia tentou avançar com a hipótese que Juan Bernabeu Céspedes abusou de Marco Aurélio e o teria matado.
O resumo do inquérito divulgado no blog da família apresenta uma lista de questionamentos nos autos envolvendo o líder dos escoteiros Juan Bernabeu Céspedes.
Família mantém esperança
A retomada das investigações anima a família de Marco Aurélio, que torce para que a história tenha um ponto final. Embora sejam quase quatro décadas desde o sumiço do garoto (na época ele tinha 15 anos), o pai dele, Ivo Simon, mantém as esperanças de que o filho esteja vivo.
“No que eu posso acreditar? Eu não tenho nada de concreto para acreditar que ele está morto. Então vou acreditar que ele está vivo. É difícil, muito difícil acreditar nisso, mas eu prefiro.”
O mistério em torno do desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio continua a intrigar as autoridades e a comunidade. Após décadas de incertezas, a reabertura do caso em 2021 trouxe à tona novas pistas e linhas de investigação.
A possibilidade de sua morte e sepultamento nas proximidades do acampamento, assim como a perspectiva de que ele ainda possa estar vivo e em situação de rua, mantêm o enigma em aberto.
A busca por respostas continua, demonstrando a persistência das autoridades em esclarecer o destino de Marco Aurélio e oferecer algum tipo de resposta para sua família e para a sociedade.
Fontes: Metroworldnews, Wikipédia