O Caso Varginha é consolidado como um dos casos mais importantes da ufologia brasileira e mundial. Outrora chamado de o “Roswell Brasileiro” o caso sempre foi envolto em muitas polêmicas. Décadas se passaram, e o incidente continua a ser explorado por todo o meio ufológico.
E óbvio, um caso como esse não deixaria de ser investigado pelas figuras mais ilustres que encabeçaram e ecabeçam a ufologia brasileira.
O principal investigador do caso tratou-se do respeitado ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues. O primeiro ufólogo a chegar ao local do incidente.
Advogado por formação, se interessou desde sua adolescência pelo fenômeno UFO, consolidando-se pela pesquisa seria, orientada em cunho científico, foi responsável pela investigação de muitos casos ufológicos amplamente conhecidos por todos.
Autor de 4 livros sobre o tema, no ano de 2009, abalou a ufologia brasileira com o lançamento de sua quarta obra, uma onda assombrosa que viria a calhar como uma inundação no meio ufológico.
“A Desconstrução de um Mito“, lançado em parceria com o ufólogo Carlos Reis, gerou debates, reacendeu intrigas, criou brigas e polêmicas entre os “caciques” da ufologia. Deixando também a todos os entusiastas abismados e intrigados.
Após o lançamento do livro, o ufólogo Ubirajara sumiu de cena, escolhendo à discrição, se isolou da ufologia e sumiu do cenário ufológico nacional.
Procurados
Depois do seu isolamento, todos no mundo ufológico se perguntavam: “e onde está Ubirajara?” Me lembro que era comum em grupos nas redes sociais viravolta comentarem isso. O seu desaparecimento gerou uma série de teorias, para piorar à situação, outro renomado pesquisador e ufólogo do Caso Varginha, Victório Pacaccini, cujo foi o principal parceiro de Ubirajara nas investigações do caso, tinha também desaparecido.
Mas no ano passado tivemos uma grande notícia; Pacaccini estava de volta à cena, e com uma afirmação surpreendente!
O ufólogo ressurgiu afirmando algo surreal para todos, abalando positivamente as estruturas da ufologia. Disse que tinha assistido a um vídeo, o qual seria um vídeo que mostrava à criatura de Varginha, o ET de Varginha!
Agora pronto, depois de permanecer desaparecido por quase 18 anos, inclusive antes do Ubirajara, o ufólogo volta afirmando ter visto o vídeo da tal criatura…
Haviam duas principais teorias para o desaparecimento dos dois ufólogos, um; é que eles teriam sido calados com a verdade, e dois; é que eles teriam sofrido ameaças e foram coagidos a se calarem. Ambas teorias foram desbancadas com o reaparecimento de Pacaccini, pois, na lógica, se ele tivesse sido calado com a verdade não apareceria afirmando que viu o vídeo. E se tivesse sofrido ameaça, de fato, provavelmente não teria reaparecido no cenário ufológico nacional.
Mas mesmo assim uma dúvida permanecia e ainda nos perguntavamos: e o Ubirajara?
Bira ressurge
Algumas semanas atrás, começou a circular um card nos grupos das redes sociais, o ufólogo João Marcelo apresentava uma futura entrevista com o “fora de série” Ubirajara Franco Rodrigues.
Foi uma surpresa para todos, depois de tanto tempo e um ano depois do reaparecimento de Pacaccini, o ufólogo Ubirajara apareceria novamente no cenário ufológico nacional para dar uma entrevista exclusiva e inédita!
Foram nove anos de tentativa do ufólogo João Marcelo, nove anos tentando convencer o “Bira”, como os mais íntimos o chamam, a falar.
E ele falou, por 2:23min.
A entrevista
Foram mais de duas horas de posicionamentos firmes, afirmações polêmicas, inconveniências, e verdades!
Ao meu ver, o ufólogo realmente se dispôs ao que eu já tinha previsto; uma mudança de leitura, uma mudança de posição e convicções. Algo que segundo ele mesmo disse na entrevista, já havia demonstrado anos antes do lançamento do seu livro em 2009.
E custoso acreditar, mas as pessoas mudam, ainda que radicalmente, afinal, como disse Raul: somos uma metamorfose ambulante.
Posições pessoais à parte, com essa entrevista, se haviam dúvidas sobre a posição pessoal do ufólogo, agora ja não existe mais.
Em um tom altamente convicto, Ubirajara deixou claro seu posicionamento atual quanto à ufologia. O ufólogo (se é que podemos ou ele se permite ainda ser chamado assim), teceu duras críticas aos ufólogos. Sempre sem se deixar esquecer de fazer uma mea-culpa.
Questionando a forma que a pesquisa de campo é conduzida, deu ênfase ao método científico e a racionalidade nas investigações de casos. Criticando severamente o modo que a ufologia é dirigida, descrevendo-a ao pé da letra como sendo um fenômeno real e raríssimo, ele disse:
“Estão transformando a ufologia em religião faz tempo”.
Em uma aparente cautela, frisou que nunca negou o Caso Varginha e o fenômeno UFO, mas pediu paciência àqueles que não aceitam o contra-ponto.
Exaltando uma postura cética em volta da natureza do fenômeno, citou casos e destacou termos, sempre sem taxar o enigma.
O ufólogo frisou também o motivo da sua mudança de pensamento, citando o nome de quem ele disse ter sido considerado o “inimigo número um” da ufologia brasileira; Kentaro Mori. Ubirajara esbravejou:
“Foram os céticos que mudaram meu pensamento!”
E quando questionado sobre a legitimidade do fenômeno ser comprovadamente extraterrenio, Ubirajara entrou em concordância com o entrevistador, o ufólogo João Marcelo, que citava uma conversa de grupo de WhatsApp aonde a pessoa com quem ele conversava estaria afirmando que era notório e provado que o fenômeno UFO é extraterrestre. Respondendo em forma de retórica concordativa, Ubirajara falou:
“O que você acaba de citar, vem novamente de encontro ao que eu disse. É ou não é uma religião? A religião dos ETs! A religião da nave extraterrestre! Enfim, precisamos mudar isso”.
Outro parte cética que chamou atenção na entrevista foi o momento em que ele foi questionado a respeito de ter tido algum caso que tenha pesquisado e achado anômalo, mas que hoje em dia desconsideraria sua tal origem. Ubirajara respondeu dizendo que haviam dois casos, e que eram os dois principais casos que ele estudou lá mesmo em Minas Gerais, que seriam, creio eu, o Caso Baepedi/Embornal e o próprio Caso Varginha.
E como não tinha como ficar de fora, o Ubirajara também foi questionado a respeito de sua opinião sobre esse reboliço que vem havendo na ufologia mundial com os depoimentos e entrevistas de denunciantes OVNIs lá nos Estados Unidos.
Ele demostrou pouco interesse nessa situação e ressaltou que isso sempre ocorreu, que muito antes outros denunciantes militares já tinham vindo a público falar. Cobrou evidências e não palavras.
Mais adiante, quanto questionado novamente sobre as denuncias desses denunciantes no que diz respeito à engenharia reversa por parte de empresas privadas que estariam em posse de fragmentos de UFOs e até UFOs, ele polemizou:
“Até quando a ufologia vai viver de mania de conspiração?”
A entrevista continuou e adentrou ao Caso Varginha, o ufólogo contou onde estava quando descobriu o caso e sobre os inícios das investigações.
Ele então revela e empodera uma informação que como toda a entrevista não deixa de ser polêmica, que desde quando o caso surgiu e até hoje, pelo que ele saiba, só houveram três testemunhas militares, e nenhuma foi um oficial.
O ufólogo ainda comentou em cima do comentário do João Marcelo a respeito de dois dos militares, hoje em dia, aparentemente terem assumido que foram pressionados por situações da época a falar e confirmar coisas sobre o caso.
Em seguida, lamentando e ressaltando a falta de evidências em torno do Caso Varginha, como já vinha fazendo em cima da ufologia como um todo, o Ubirajara mais uma vez polemiza afirmando uma convicção pessoal de grande impacto e contestação:
“Não existe evidência, assim como não existe evidência de nenhum caso da ufologia ao longo da história, o Caso Varginha é um deles”.
Em relação ao depoimento das três garotas, hoje senhoras, o ufólogo diz que sempre foram autênticas, nunca caíram em contradição e que nunca negou o depoimento delas.
Mas frisa novamente que os depoimentos delas não bastam para veracidar o Caso Varginha.
Até essa parte da entrevista eu consegui notar o que parece ser uma espécie de confusão, aparentemente o ufólogo está confuso consigo mesmo, parecendo ter um conflito de idéias. Entre acreditar se houve alguma coisa ali em Varginha, ainda que não tenha sido naves e seres extraterrestres, ou se pode ter sido extraterrestre mesmo.
O papo Varginha continua e o Ubirajara revela um dado inédito sobre uma informação que teria recebido, que segundo ele achavam que teria sido do policial Erick Lopes, mas que na verdade se tratou de um amigo de classe, o titular do Cartório Civil de Varginha na época, já falecido e por nome: Antônio José Alves.
Sobre o falecimento do policial Marco Eli Chereze, o Ubirajara faz mais uma gigante e polêmica afirmação. Ele diz com todas as letras que o policial não recebeu nenhum arranhão e muito menos teria morrido por conta do contato com uma das criaturas. Citando os laudos e absorvição dos médicos no caso dos processos, ele fala que assim como mostram os laudos, o policial morreu por conta do contraimento de duas bactérias, uma devido à infecção no corte na axila, cujo laudo comprovou ter sido fruto de uma incisão, um corte feito com um objeto cortante como um bisturi, por exemplo, e outra pulmonar.
Ele segue dizendo e destaca que a bactéria que matou o policial Eli Chereze é muito comum, e representa mortes de pessoas diariamente no mundo, chamando de irresponsáveis os que utilizam da morte do policial como narrativa para corroborar o caso, ele diz:
“Usar desse lamentável falecimento desse pobre policial, que muitos acreditam ter participado de tudo, é no mínimo irresponsável”.
Sobre um ponto que sempre foi motivo de muitas teorias no meio ufológico, o fato do tempo de permanência dele no IPM, o ufólogo disse que é coisa de quem não sabe como ocorrem os depoimentos. O motivo do depoimento ter tido em média um tempo de 15min e ele ter permanecido lá dentro do batalhão por 4h, sempre foi tema de controvérsia e conspiração. Ainda em resposta a isso, ele perguntou brincando se tinha algum ufólogo em pau-de-arara por aí.
Ele ainda crítica a teoria de que teria sido comprado para ficar calado e negar o caso. Em tom de sarcasmo ele crítica o absurdo de ser considerado como um alinhado pelo acobertamento.
Continuando, ele fala sobre um episódio envolvendo o médico legista Badan Palhares e fala também de mais um episódio envolvendo uma suposta testemunha médica.
Ainda no Caso Varginha, lhe é perguntado se ele voltaria a estudar o caso, ele diz decididamente que não! E ressalta que o caso está há trinta anos na mesma mesmice, dizendo achar que nada novo irá surgir.
Aos quarenta minutos finais da entrevista, é perguntando ao ufólogo a opinião dele a respeito do uso da hipnose na pesquisa ufológica. Ele nega sua confiabilidade e diz que a hipnose nunca foi um método eficaz para resgatar memórias reais.
Daí para frente ele cita mais alguns episódios, fala sobre o Caso Baraúna e sobre o Caso Varginha também. Os entrevistadores falam a respeito de uma testemunha perdida do Caso Varginha que seria um garoto de 14 anos na época e que teria também avistado à criatura.
Já nos vinte cinco minutos finais, partindo para término, o tom cético em posições veementemente convictas que conduziu toda à entrevista, é trazido à tona novamente, e o ufólogo em um ar de aparente satisfação, manifesta:
“A ufologia precisa para de viver das crenças dos ufólogos!”
Depois de mais um proselitismo em prol da dúvida, é perguntado se ele acredita na existência de tal ou tais fitas que teriam registrado à criatura. O ufólogo responde que hoje em dia mais não, que não acredita que hajam essas fitas. Vale relembrar que o número dois na investigação do caso, o Pacaccini, alega ter visto um vídeo do ET no ano de 2012, algo que contradiz a visão do Bira.
Já nos quinze minutos finais, o questionam sobre o caso do policial Erick Lopes e pela possibilidade dele ter se trancado e evitado se expor. Ele concorda com a hipótese do entrevistador e cita o fato da morte do amigo e tudo que envolve o caso como um principal suposto fator de sua retração.
Ao final da entrevista, confirma o status público do inquérito policial do caso e critica alguns ditos heróis que pregaram como sendo os reveladores do inquérito.
Mas a parte mais bombástica e polêmica talvez venha agora. Já sem o paletó, depois de uma extensa entrevista, Ubirajara Franco Rodrigues é perguntado a respeito da usa opinião entre a amizade de ufólogos e testemunhas nas investigações de casos ufológicos. Ele chama de absurdo, e condena.
E como parte final, lhe perguntam novamente sua posição sobre o fato dele nunca ter negado o Caso Varginha. Ele não responde diretamente que não tenha negado. Pede apenas que os ufólogos vejam o lado contraditório, diz que nenhum caso possue evidências irrefutáveis, mais uma vez exalta à ciência e o ceticismo.
Por fim, depois de 2:20min de entrevista, é pedido ao ufólogo que deixe seu recado, sua opinião, seu parecer a todos aqueles que estão começando hoje a pesquisa ufológica.
Olhando diretamente para câmera, e sem medo de ser taxado, sem medo das “pedradras” como ele mesmo deixou bem claro ao longo de toda a entrevista, ele pronuncia senão a frase mais polêmica e absurda, talvez, em toda sua carreira tanto quanto ufólogo e pessoa pública.
Com bastante ênfase categórica, e talvez um equívoco de emoções, ele diz:
“Quem está começando, geralmente são pais que diz: o meu filho, a minha filha, é fascinada por esse tema. Você que já estuda a muito tempo, por onde a pessoa começa, por onde meu filho ou minha filha começam?”
“O que você aconselha?”
“Ele diz: conselho eu não tenho não, mas uma sugestão eu faço questão de dar:”
“Senhores pais, afastem seu filhos disso! O mais urgente possível”.
Surreal para alguns, inacreditável para outros. Revolta, mas não surpresa. Esse pode ser o sentimento de quase todo o meio ufológico nacional.
A opinião deste entusiasta que vos escreve se limita apenas em contextualizar tudo de uma forma geral sobre o que foi dito. Não o farei detalhadamente, acho que em parte por concordar muito com o pensamento exposto, e em outra, por não querer induzir opiniões.
Concluo apenas dizendo que: não existem embaixadores do pensar, do ser, das idéias. Nenhum homem pode se por ou ser posto como tal, independente do tempo, época ou área que atue na vida. Embora devam ser respeitados, usados como exemplos lúcidos, homenageados e parabenizados, jamais devem ser idolatrados. Isso serve para exatamente tudo, como ‘humanos demasiado humanos’ que somos, a busca pelo conhecimento e o enclave pela descoberta da verdade não pode se estagnar, novamente, se tratatando de tudo na vida. A procura deve sempre continuar.
Abaixo deixo o vídeo da entrevista:
Agradecimento ao ufólogo João Marcelo e Marco Leal por conseguirem essa entrevista.
Texto: Júlio Tavares.