Passaram-se quase 30 anos desde que o interminável Caso Varginha ocorreu. De lá para cá, muitas coisas aconteceram e as investigações em torno do caso nunca pararam de fato.
Uma grande gama de material sobre o caso está à disposição de todos: imagens, vídeos, reportagens, documentários, documentos, livros etc.
Dentre todo o material, o mais importante de que dispomos são os relatos de testemunhas que teriam presenciado alguma coisa do incidente.
Além dos importantes depoimentos das três garotas da época, depoimentos de testemunhas militares são preciosos para a credibilidade do caso.
E esse é o caso do depoimento que gerou uma polêmica e reacendeu a velha chama da rinha ufológica brasileira.
No dia 26 de junho, o ufólogo João Marcelo divulgou em seu canal no YouTube um depoimento já conhecido da comunidade ufológica brasileira: um áudio, com o relato de um militar da época que teria participado da captura de uma das criaturas do Caso Varginha.
Até aí, tudo bem, o conteúdo do áudio já era conhecido por todos. Acontece que, até então, apenas ufólogos que participaram na época da investigação sabiam o nome da testemunha e, por ética e também a pedido da mesma, nunca haviam divulgado seu nome.
Até agora, pois João Marcelo divulgou o áudio e ainda o nome da testemunha: o bombeiro militar Robson Luiz.
O áudio com o testemunho do bombeiro Robson foi gravado em 1996 pelo ufólogo Vitório Pacaccini, que nunca havia divulgado o nome da testemunha.
Veja o vídeo com o áudio do testemunho do bombeiro:
Entenda a polêmica
Como todos devem saber, o ufólogo Vitório Pacaccini foi parceiro do descobridor do caso, o ufólogo Ubirajara Rodrigues. Eles foram os primeiros investigadores a chegar ao local e começar a investigar o incidente.
Vitório Pacaccini foi o único ufólogo que conseguiu, na época, depoimentos de militares que teriam se envolvido no caso.
Portanto, embora alguns ufólogos tivessem acesso à fita de áudio com o depoimento e soubessem o nome da testemunha, o direito maior sempre esteve nas mãos de Pacaccini.
A fita com áudio foi entregue a João Marcelo pelo ufólogo Ubirajara Rodrigues, que teria autorizado João Marcelo a divulgá-la junto com o nome da testemunha. Marcelo então fez a divulgação em seu canal.
Porém, o fato dele ter divulgado o nome da testemunha foi o fator primordial da discórdia. Existe uma ética entre os ufólogos, que está presente no estatuto do ufólogo. A regra diz que é “dever do ufólogo preservar a identidade da testemunha”, caso ela queira, mantendo o respeito e o sigilo de seu nome. E assim foi durante quase 30 anos com o caso da testemunha, o bombeiro Robson.
Robson Luiz afirmou participado de uma ocorrência onde se encontrava uma criatura bípede, com cerca de meio metro de altura, com pele oleosa e marrom, olhos vermelhos grandes e veias salientes na cabeça. Segundo seu relato, ele não participou na captura nem viu o “bicho” pois quando chegou ao local o ser já estava dentro de uma caixa em dos caminhões do ESA, mas que ouvia seu chiado. Seus colegas conseguiram capturar a criatura que foi levada para uma unidade militar.
Após a divulgação do áudio, o “outro lado” da ufologia brasileira reagiu com repúdio. Críticas foram disparadas em direção a João Marcelo por ele ter divulgado o áudio em seu canal e principalmente o nome da testemunha.
Em sua conta no Instagram, a revista UFO divulgou um vídeo com críticas à atitude de João Marcelo. Nele, os ufólogos Pacaccini, Petit, Ramalho e Ticchetti expressaram repúdio ao que chamaram de “desrespeito com a pesquisa de um dos mais importantes casos brasileiros”.
Pacaccini despejou duras críticas a Marcelo, chamando-o até de canalha. Segundo Pacaccini, todo o direito do material é dele, pois ele buscou, conseguiu o depoimento e prometeu à testemunha e à família total sigilo.
Veja o vídeo-repúdio abaixo:
A explicação de João Marcelo
João Marcelo e Marco Leal, parceiros de pesquisa, há alguns anos tentam trazer novos pontos do Caso Varginha à tona, entrevistando testemunhas, buscando novos e velhos depoentes e tentando se destacar frente ao caso.
Diante da polêmica, João Marcelo publicou um comentário no próprio vídeo em seu canal no YouTube. Veja:
Esclarecimentos acerca da divulgação do depoimento do Bombeiro Robson:
1. A testemunha não falava com ninguém desde 1996. Em 2019, foi localizada por mim e Marco Leal em Três Corações.
2. A fita usada na edição foi fornecida a mim por Ubirajara Rodrigues, já que a que me foi fornecida por Petit tinha somente um lado.
3. Antes de divulgar, consultei o Dr. Ubirajara Rodrigues, e ele deu o aval.
4. Também comuniquei o parceiro de pesquisa, Marco Leal, que foi contra a divulgação.
5. Já tínhamos a informação da morte da testemunha desde o ano passado e só divulguei um ano após o fato.
6. Quem critica a divulgação já divulgou em eventos pagos os vídeos dos dois militares.
7. Quem critica se omite ao não criticar a divulgação do nome da principal testemunha.
8. É inacreditável a cara de pau de quem critica, mas divulgou os vídeos dos militares em Brasília quando do encontro com eles.
9. Tudo o que é falado no testemunho já é amplamente divulgado desde 1996.10. Há um outro depoimento prestado pela testemunha em 2019 que vamos divulgar em breve.
11. Assim como no Caso Varginha, há casos ufológicos em que testemunhos foram divulgados após a morte da testemunha.
João Marcelo
Segundo João Marcelo, a testemunha não falava com ninguém desde 1996 e passou a conversar com ele a partir de 2019. Ele diz que teve autorização de Ubirajara para a divulgação, que deu o aval, além do fato da testemunha já ter falecido. Pacaccini, como fornecedor da fita ao Ubirajara, criticou no vídeo de repúdio, pois segundo ele, o que Ubirajara tem de depoimento militar foi concedido por ele.
João Marcelo, que tomou cautela em omitir a voz de Pacaccini no vídeo divulgado em seu canal (por questões legais), disse que tudo o que está no vídeo já é de conhecimento público desde 1996.
Ele descobriu que a testemunha faleceu há um ano e, por isso, divulgou o depoimento. Segundo ele, a testemunha havia autorizado a divulgação de seu nome, assim como outros materiais contendo novos depoimentos seus, após sua morte.
De 2019 a 2023, João Marcelo fez algumas visitas à testemunha, o bombeiro Robson, que deu novos depoimentos, algo que ele divulgará em breve.
Diante do vídeo divulgado pela revista UFO, João Marcelo fez uma pequena live-resposta, esclarecendo alguns pontos sobre toda essa polêmica.
Veja o vídeo do esclarecimento abaixo:
O ufólogo João Marcelo afirma que o conteúdo do material já é amplamente conhecido por todos e que já havia sido divulgado tanto na grande mídia quanto em eventos ufológicos pelo Brasil afora. Ele ainda diz que pelo fato de ter recebido autorização da testemunha, enquanto ainda estava viva, para a divulgação após sua morte, não entende o motivo de repúdio por parte de Pacaccini e outros.
Citando interesses de monopólio, João Marcelo questiona o motivo de tanta polêmica. Parece que o fato de João Marcelo, embora não tenha mostrado o rosto do bombeiro e tenha cortado partes do áudio com a voz de Vitório Pacaccini, ter divulgado o material sem autorização e tornado público o nome da testemunha, gerou maior revolta por parte do “outro lado”.
Algumas considerações merecem ser feitas. Embora Pacaccini tenha conseguido a entrevista em 1996 e seja o detentor dos direitos sobre o material, João Marcelo não divulgou a voz dele, cortando diversas partes do vídeo, que já era público.
Se for verdade que a testemunha autorizou a divulgação de seu nome após seu falecimento, parece não haver problemas com essa divulgação. Afinal de contas, segundo João Marcelo, ele gravou outros materiais com a testemunha, que autorizou sua divulgação e será divulgada logo.
Portanto, não parece haver problemas aqui.
Esperemos para ver o desenrolar de toda essa história. Vamos torcer para que o João Marcelo divulgue o restante do material o mais rápido possível, pois todos esperam ansiosos por mais detalhes do caso, né verdade?!
A expectativa é que, com esses novos depoimentos da testemunha, algo bombástico venha à tona. Parece que grandes surpresas e revelações serão apresentadas. Mesmo que debaixo de uma rinha, algo novo e importante surgirá.
Infelizmente, com a divergência e divisão, a ufologia brasileira mais perde. Por outro lado, com a tomada da linha de frente por um maior número pessoas, com mais participação, responsabilidade e empenho na investigação do caso, a ufologia brasileira mais ganha.
A verdade é o que todos nós queremos saber sobre este que é, se não o maior caso da ufologia brasileira e um dos maiores do mundo, o Caso Varginha.