Em um feito inédito, Agência Aeroespacial Alemã usará câmera em Marte para procurar UAPs

Uma equipe de pesquisa da Universidade de Würzburg está participando da missão alemã a Marte “Valles Marineris Explorer” (VaMEx), que está sendo planejada pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Parte da contribuição do projeto, que está sendo financiada pelo Ministério Federal da Economia e Proteção Climática, é uma câmera que buscará UAPs no céu marciano.

Esta é a primeira vez que o governo alemão financia um projeto de pesquisa por meio do DLR com um componente claramente identificado de UAP.

Em uma conversa com o Grenzwissenschaft-Aktuell.de o Professor Hakan Kayal, um dos principais envolvidos, falou sobre a missão planejada e a câmera UAP no Planeta Vermelho.

O professor Kayal contou que a A missão “Valles Marineris Explorer” (VaMeX-3), planejada pelo Centro Aeroespacial Alemão (DLR), contará com uma série de contribuições inovadoras para a exploração de cavernas em Marte. A equipe de pesquisa da Universidade de Würzburg está desenvolvendo um sistema que inclui um enxame de drones equipados com corpos de autorrotação. Estes drones serão lançados do ar e irão girar suavemente até o solo, coletando dados ao longo do caminho. Eles formarão uma rede de sensores e repetidores para cobrir grandes áreas do Valles Marineris, facilitando a comunicação e a transmissão de dados entre o rover, os drones e o centro de controle na Terra, por meio de um orbitador simulado de Marte.

Além disso, a missão incluirá uma câmera projetada para detectar fenômenos celestiais no ambiente marciano, como chuvas de meteoros, formação de nuvens, relâmpagos e UAPs.

Esta câmera é baseada em um sistema previamente desenvolvido na Terra, que já opera em Hessdalen, na Noruega, conhecida por seus fenômenos luminosos não explicados. A câmera e o sistema de comunicação serão essenciais para a coleta e transmissão de dados sobre o ambiente e os fenômenos em Marte, contribuindo para uma compreensão mais completa do planeta vermelho.

Outro modelo, o protótipo de um observatório, está localizado no telhado do campus da universidade em Würzburg. Lá, uma câmera de visão panorâmica observa todo o céu e registra todos os objetos voadores que passam. Observatórios adicionais desse tipo estão sendo planejados. Com a ajuda da inteligência artificial, esses sistemas aprendem a distinguir entre objetos voadores terrestres conhecidos (pássaros, insetos, balões, aviões, satélites, etc.) e fenômenos desconhecidos.

No entanto, a câmera UAP para o MarsSymphony contará com inovações significativas e será projetada para atender aos requisitos específicos do projeto. Isso inclui um sistema de rastreamento automático para meteoros ou UAPs, a serem registrados por câmeras de alta resolução. A integração de um sistema de câmeras para observação do céu no gateway representa um passo importante no desenvolvimento de um sistema de detecção para fenômenos de curta duração na atmosfera marciana e na pesquisa de UAPs. Como parte do projeto, um sistema previamente terrestre para observação atmosférica e exploração de UAPs será adaptado como um protótipo para missões de exploração.

Feito inédito na busca por UAPs

Esta é a primeira vez que se procura por UAPs em outro planeta. A decisão de escolher Marte baseia-se na semelhança entre a Terra e Marte em termos de geologia e meteorologia. Se UAPs existem na Terra, é possível que também apareçam no céu marciano. Além disso, Marte oferece a vantagem de eliminar explicações terrestres conhecidas para avistamentos de UAPs, como pássaros e aviões, devido ao menor número de satélites e sondas na órbita do planeta.

A câmera não está buscando vida inteligente, mas sim anomalias que possam indicar novos eventos ou características no planeta vermelho. Mesmo que a vida em Marte, se existir, provavelmente seja apenas de micróbios, a missão VaMeX está aberta a qualquer descoberta, por menor que seja.

O financiamento federal para este projeto é inédito e marca um avanço significativo na pesquisa de UAPs na Alemanha. É a primeira vez que um projeto com um componente específico para UAPs recebe apoio financeiro federal, reconhecendo os esforços para reduzir o estigma associado a essa área de pesquisa. Esse financiamento pode abrir portas para futuros projetos e colaborações importantes com instituições estatais.

IA em satélite está sendo treinada para detecção de UAPs

O professor Kayal também falou sobre o projeto SONATE-2, um nanosatélite (cubesat 6U) lançado com sucesso em março de 2024 a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, que está equipado com várias câmeras destinadas à busca por anomalias na superfície da Terra. Essas câmeras são parte de um sistema de inteligência artificial projetado para reconhecer e distinguir anomalias de fenômenos e estruturas conhecidas.

A IA a bordo do SONATE-2 está sendo treinada para detectar anomalias em novos ambientes e reconhecer características definidas na superfície terrestre, como formas geométricas. Este treinamento em órbita representa um avanço significativo, pois é a primeira vez que a IA é treinada diretamente no espaço, em vez de na Terra. As câmeras do satélite também são capazes de detectar fenômenos luminosos breves, como relâmpagos.

Embora o SONATE-2 não possua uma câmera específica para a detecção de UAPs, a tecnologia e os métodos que estão sendo testados no espaço podem, futuramente, ser aplicados na detecção de UAPs. O projeto também investigou a viabilidade de um satélite dedicado para a detecção de UAPs como parte de um projeto estudantil, o que sugere que um sistema de satélites para pesquisa de UAPs, com o financiamento adequado, poderia ser viável. Até o momento, o SONATE-2 tem demonstrado sucesso no treinamento da IA a bordo, mas ainda não detectou anomalias específicas ou UAPs.

Até hoje, o Interdisciplinary Research Centre for Extraterrestrials (IFEX) o centro de pesquisa da Universidade de Würzburg na Alemanha é o primeiro e único centro de pesquisa no mundo onde, além da pesquisa espacial e do desenvolvimento de tecnologias espaciais, UAPs/UFOs são oficialmente estudados como parte do cânone de pesquisa de uma universidade de alto nível. Para alcançar esse objetivo, o IFEX colabora não apenas com vários pesquisadores e cientistas interdisciplinares, mas também com pesquisadores civis de OVNIs com longa experiência como membros associados.