Segundo nada mais nada menos que Jacques Vallée, sim! A CIA poderia estar por detrás de abduções por OVNIs ocorridas no Brasil e na Argentina.
Imagem: Tetchist/Deviantart |
“A questão do uso da ufologia para camuflar várias operações de comando ou engenharia social é antiga”. Jacques Vallée.
A ufologia mundial foi abalada por afirmações no mínimo contundentes vindas do pesquisador francês Dr. Jacques Vallée, contidas em seu livro, Forbidden Science – Volume Four (As Crônicas de Spring Hill), lançado em 2019. Neste livro, ele garante que teve acesso a um documento confirmando sequestros por OVNIs simulados pela CIA no Brasil e Argentina. Esta afirmação entra no bojo de experiências psicológicas projetadas, onde seres humanos se passariam por extraterrestres, diante de outros humanos, visando o estudo de reações diversas.
O blog de língua inglesa The UFO trail, editado por Jack Brewer, falou por e-mail com Vallée, que se limitou a declarar mais sobre este assunto. “Senti o dever de chamar a atenção para esse problema”, explicou Vallée em um e-mail. Ele optou por não compartilhar o dito documento ou abordar questões pertinentes relacionadas às tais circunstâncias. “Se você conversar com pesquisadores sérios da América Latina, descobrirá que eles não são tão ingênuos nesse campo quanto os ufólogos dos EUA”, acrescentou.
O livro de autoria de Vallee, Forbidden Science – Volume Four (As Crônicas de Spring Hill), lançado em 2019, contém a seguinte declaração:
“Asseguro um documento confirmando que a CIA simulou abduções de OVNIs na América Latina (Brasil e Argentina) como experimentos psicológicos de guerra”.
Em seu contato por e-mail com The UFO Trail, o renomado pesquisador de OVNIs foi arguido, inclusive, sobre qualquer contexto que ele pudesse fornecer ou esclarecer se tal declaração não teria sido, em retrospectiva, um erro. O e-mail deixou claro que uma cópia do documento estava sendo solicitada pelo The UFO Trail que também solicitava o máximo possível de informações a respeito da questão. No entanto, Vallee optou por não abordar essas problemáticas questões diretamente com o blog ufológico.
Vallée fala por e-mail
Por e-mail, o The UFO Trail declarou ao pesquisador, “Espero que você possa simpatizar com o peso potencial dessa declaração, porque os pesquisadores estão bastante interessados em conhecer os fatos que cercam tais circunstâncias”.
Ao que Vallée respondeu na íntegra:
“Caro Jack [editor do blog]
Obrigado pela sua mensagem, agradeço o seu interesse no livro. Como você sabe, a questão do uso da ufologia para camuflar várias operações de comando ou engenharia social é antiga. É um subconjunto de técnicas PsyOps que são usadas há muito tempo (projetando imagens da Virgem Maria nas linhas de batalha de Verdun em 1917 ou imagens religiosas sobre Cuba, a partir de um submarino na Baía dos Porcos, etc.).
Escritores históricos muito mais competentes do que eu, documentaram tudo isso, e a América Latina é apenas uma extensão posterior. Não sou especialista em nada disso, mas minhas pesquisas com computadores tendem a INCLUIR quando surgem alguns casos relevantes. Então, eu não tenho cachorro nessa luta política, só estou tentando evitar poluir meus bancos de dados com lixo. Por isso, senti o dever de chamar a atenção para a questão. Se você conversar com pesquisadores sérios da América Latina, descobrirá que eles não são tão ingênuos nesse campo quanto os ufólogos americanos.
Com os melhores desejos da temporada,
Jacques”.
O The UFO Trail informou que um outro e-mail foi enviado a Vallée, declarando que, embora tenha sido estabelecido que a comunidade de inteligência explora o assunto dos OVNIs, por muitas razões em potencial, esperava-se que ele pudesse apreciar que a confirmação real das simulações de abdução pela CIA seria realmente extraordinária.
Foi perguntado se seria correto dizer que não há um documento confirmando que esse seja o caso. Ele não respondeu imediatamente. Um rascunho desta postagem no blog foi posteriormente compartilhado com o Dr. Vallée antes da publicação. De acordo com o blog, “Foi feito em um esforço para relatar as circunstâncias com a maior precisão possível e oferecer a ele uma oportunidade final para comentar mais a respeito”. Ao que, respondeu o pesquisador francês, “Não tenho mais comentários sobre a substância da solicitação ou, obviamente, sobre minha fonte, que sou obrigado a proteger”, respondeu ele num e-mail de 19 de dezembro.
Nessa mesma missiva eletrônica, acrescentou Vallée, “A maioria dos documentos a que me referi, ou usados na compilação de meus diários, foram doados a uma universidade com um embargo de 10 anos para acesso público – especificamente para evitar um tipo de brigas espúrias que surge regularmente na ufologia. Então, espero que detalhes históricos como esses venham à luz do dia somente no devido tempo”.
Como vimos, apesar de aventar tal possibilidade Jacques Vallée se limita a declarar mais a respeito das supostas experiências da CIA envolvendo abduções por OVNIs, acrescentando que alguns ufólogos latinos – ao contrário dos americanos – já teriam desconfiado do “teatro montado” em torno de extraterrestres em detrimento de experiências psicológicas envolvendo contato com seres ou suposta tecnologia extraterrestre.
Operação Prato: simulacro extraterrestre?
No entanto, não foram pesquisadores da América Latina que fizeram essa afirmação se baseando num possível documento oficial. Apesar disso, desde meados da década de 2000, pesquisadores da Operação Prato, como Pepe Chaves e Fábio Bettinassi já tinham aventado à possibilidade de haver uma indução, ou “jogo psicológico” (numa espécie de teatro para enganar as pessoas, com fins desconhecidos) por parte de organismos norte-americanos, usando altas tecnologias, algumas desconhecidas na época, contra a população de ribeirinhos, no Estado brasileiro do Pará, em 1977.
Apesar de Vallée ter citado somente abduções neste suposto “teatro ufológico” armado pela CIA, enquanto pesquisador do tema (ao lado de Bettinassi), eu acredito que seja possível haver um leque bem maior, abrangendo aí, além de possíveis abduções e “contatos”, fenômenos diversos, como uso de drones remotos (quando estes sequer eram conhecidos popularmente na década de 1970), além do raio laser da cor verde, ainda “desconhecido” e mantido em segredo por muitos anos naquela época, vindo a ser conhecido do público somente na década seguinte – inclusive, fartamente usado em shows musicais na década de 1980.
Em seu artigo “A ‘Luz Chupa’: As similaridades com os raios laser”, o pesquisador Fábio Bettinassi detalha sobre as similaridades clínicas das queimaduras por raio laser da cor verde com as queimaduras comprovadamente sofridas por ribeirinhos, na região de Colares, no Pará, em 1977. Como sabemos, na época, várias pessoas diziam estar sendo queimadas por um feixe de raio luminoso da cor verde, vindo de um objeto voador chamado popularmente de “Chupa Chupa” pela população local.
Naquela ocasião, após a população se alarmar com constantes avistamentos de OVNIs que disparavam feixes dessa luz, uma junta militar comandada pelo Coronel da FAB Uyrangê Hollanda foi enviada à região para pesquisar os fatos, o que ficou conhecido como Operação Prato. Posteriormente, a própria junta militar desatou o nó ufológico e propagou que a região estava sendo visitada por seres extraterrestres, como ficou claro em diversas entrevistas concedidas pelo coronel. O militar brasileiro alegou que naves do tamanho de prédios foram avistadas por ele e sua equipe, incluindo, criaturas; contudo, os únicos registros palpáveis da tal operação militar se restringem apenas a fotos de fundos negros sobrepostos por luzes brancas difusas (que podem ser produzidas por qualquer um), além de desenhos e relatos. Ou seja, na verdade, não há a menor comprovação palpável de que ETs estiveram e interagiram naquela região, como garantiu Hollanda em suas entrevistas – sem a devida comprovação.
No entanto, há uma desconfiança por parte de alguns pesquisadores quanto à possibilidade de que naquela época o governo militarista brasileiro (então aliado do governo dos EUA) já saber de antemão que tal “experimento” se passava naquela erma região. Desta maneira, todo o cenário ufológico montado (e posteriormente, midiaticamente vendido, inclusive, a grandes emissoras de TV a cabo dos EUA) estaria acobertando, na verdade, experiências psicológicas orquestradas com uma população quase paupérrima da região Norte do Brasil, envolvendo propósitos desconhecidos.
Mas, como afirmou Vallée ao The UFO Trail, o documento que atesta tais experiências estará banido do acesso público por pelo menos dez anos, segundo ele, “(…) para evitar um tipo de brigas espúrias que surge regularmente na ufologia”. O que, a nosso ver, se torna um argumento muito frágil diante da grandiosidade de sua afirmação.
Vale destacar que, em sua fala com o blog The UFO Trail, assim como os citados pesquisadores brasileiros, Vallée acredita que “a questão do uso da ufologia para camuflar várias operações de comando ou engenharia social é antiga”, e vai mais longe ao citar simulacros de projeções de imagens religiosas ou santificadas em determinadas ocorrências registradas pelo mundo afora.
Jacques Vallée |
O livro de Vallée
O livro de Vallée, Forbidden Science – Volume Four (As Crônicas de Spring Hill) [versão inglesa, que pode ser adquirido pela Amazon] remonta um registro do estudo privado do autor sobre fenômenos inexplicáveis ocorridos entre 1990 e o final do milênio, período em que ele viajava pelo mundo buscando seu trabalho profissional como investidor de alta tecnologia.
Jacques Vallée possui mestrado em astrofísica e doutorado em ciência da computação. O assunto dos OVNIs primeiro chamou sua atenção como astrônomo em Paris. Posteriormente, tornou-se um colaborador próximo de J. Allen Hynek, do Projeto Blue Book, e escreveu vários livros sobre o enigma dos OVNIs.
Fonte: Ufovia