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Desenho feito pelo ufólogo Prof. Paranhos, baseado no relato das testemunhas. |
Nem só de lendas de lobisomem e mula-sem-cabeça sobrevive o rico folclore dos pequenos povoados do interior. É nas visões surpreendentes descritas com linguajar limitado dos camponeses (livres de influências da ficção científica) que o realismo se destaca.
Quando assistiu ao filme O Predador, Geraldo Nunes de Souza (pseudônimo) ficou transtornado. A figura de uma criatura alienígena que utiliza como disfarce um método de quase invisibilidade entre a vegetação foi suficiente para remeter Geraldo às lembranças da experiência mais impressionante de sua vida.
Em um sábado qualquer de 1973, então com 18 anos, Geraldo foi caçar com o amigo Eliomar em uma mata no distrito de Maracangalha, São Sebastião do Passé, a 58km de Salvador na Bahia. Eles saíram pela manhã, levando espingarda, cartucheira e faca. Também carregavam anzol e linha para pescar em um braço do Rio Joanes, se a caça não desse boa.
Pouco proveitosa, a busca na mata Mucuri 2 já estava tediosa. Já passava do meio dia, a julgar pelo sol. Quando decidiram caminhar para o rio, Geraldo e Eliomar ouviram um barulho forte, parecido com um liquidificador supersônico. “Que diabo é essa zoada? É avião?”, perguntaram-se, assustados. Foi então que saíram da mata e, perto do pasto do gado, tiveram a surpresa.
A uma distância de uns 10m, viram um veículo discóide pousando no mato. Parecia feito com dois pratos invertidos e superpostos, com uma antena em cima. Era do tamanho um pouco maior do que uma carreta. Não tinha letras, nem números, nem janelas. Geraldo, torneiro mecânico da Usina Cinco Rios, prestou bastante atenção nas três “pernas” que saíram do objeto e fincaram-se no chão. No centro dos dois pratos, havia uma faixa de um metro de largura com luzes de praticamente todas as cores que piscavam e giravam.
Geraldo e Eliomar começaram a lacrimejar a sentir secura na boca e ardência nos pulmões quando respiravam. A temperatura tinha subido muito acima do calor normal de início de tarde. O cheiro era insuportável e a sensação era de fraqueza e desmaio. Com muito medo, a dupla permaneceu escondida. Foi então que viram uma porta abrindo-se como se fosse sanfonada.
Em posição frontal, Eliomar conseguiu perceber um imenso painel de luzes coloridas no interior daquele veículo. Com alguns minutos, uma criatura de forma humana, mas com uma inconcebível constituição de vapor, desceu pela abertura. A aparência era bem parecida com a camuflagem do vilão do filme O Predador, que Geraldo só assistiria 20 anos depois. A criatura trazia na região acima dos quadris um cinto de luzes coloridas.
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Desenho representando uma das criaturas avistada. |
O ser se abaixou para recolher pedras e plantas. Outra criatura semelhante saiu da nave e se posicionou como sentinela. Levavam um instrumento pontiagudo, comparado a um arpão eletrônico que, por causa da forma transparente do condutor, parecia flutuar.
Eliomar ainda viu um terceiro tripulante no interior. Após o que pareceram três minutos de exploração, o mais avançado retornou para a nave, o sentinela recuou, a sanfona fechou e iniciou-se a rotação do anel central. A operação provocou uma forte ventania, um pequeno turbilhão arrastando galhos de árvores, folhas, areia, tudo pelos ares. Simultaneamente, o zumbido infernal fez com que os dois amigos levassem as mãos aos ouvidos.
Depois de se elevar uns dois metros, as “garras” foram recolhidas e, 10 metros acima do solo, o objeto fez uma manobra e sumiu como um raio.
Ao contarem a história no lugarejo, os comentários foram de que os dois tinham fumado maconha, apesar de os jovens declararem que nunca sequer tinham ouvido falar dessa droga. No dia seguinte, Geraldo percebeu que um trator tinha sido mandado para revirar a terra no local do pouso e apagar as marcas no capim queimado. A ordem do dono da usina em que trabalhava foi de que ninguém poderia comentar o caso, sob pena de demissão.
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Ruínas da antiga Usina 5 Rios onde trabalhava o Sr. Geraldo. |
Em 2002, com então 47 anos, Geraldo relembrou o corrido. Ele era casado e tinha um casal de filhos, trabalhava com silk screen e tornou-se uma pessoa muito assustada. Não gostava de relembrar o caso Maracangalha e acreditava que estava sempre sendo observado. “Sinto como se algo me chamasse para voltar sozinho àquele local”, sussurrou. “Mas tenho muito medo”.
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Sr. Geraldo mostrando como se agachou mais o seu amigo Eliomar para observar a ocorrência. |
Ao contrário dele, que conseguiu constituir família e ter uma vida razoavelmente tranquila, o destino do amigo Eliomar foi trágico. Após a experiência na mata, desenvolveu o estranho comportamento de trancar-se no quatro a cada três meses para beber e fumar um fim de semana inteiro. Quando passava o delírio da embriaguez, Eliomar dizia não saber explicar as razões da atitude. Menos de um ano depois, suicidou-se com um tiro sem que nem mesmo o amigo Geraldo entendesse seu tormento.
Publicada, originalmente, no Correio da Bahia, edição de 29 de dezembro de 2002.
Cortesia: ufólogo Professor Paranhos.